"Continuo a brincar sozinho dentro da minha cabeça"
Em circunstâncias normais, a publicação de um livro de crónicas nada teria de especialmente assinalável. Trata-se, no fim de contas, de resgatar do esquecimento, organizar e dar uma forma mais ‘encorpada’ a um conjunto de textos que poderiam até considerar-se ‘menores’ na obra de um autor. Tendo em conta que esses textos já conheceram publicação anterior, toda a iniciativa pode emanar o odor a requentado de uma refeição que já foi servida à mesa. Parece apenas uma forma de prolongar-lhes o prazo de validade.
No caso de As Crónicas de António Lobo Antunes (n. Lisboa, 1942), agora editadas pela D. Quixote, essa desconfiança poderia ser ainda mais fundada, dado que, dos 173 textos que reúne, a quase totalidade já tinha sido publicada em livro (apenas nove são inéditos).
E, ainda assim, dificilmente poderíamos imaginar a publicação de um volume mais rico, envolvente e capaz de nos interpelar – seja de que género for, seja em que língua for. Esta antologia d
Como fazer