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Caso Rafaella Justos: Rinoplastia em adolescentes é seguro?

O crescente número de rinoplastias entre menores de idade tem levantado debates nas mídias sociais e em programas de televisão. Recentemente, Rafaella Justus, filha de Roberto Justus e Ticiane Pinheiro,  jovem de apenas 14 anos, compartilhou nas redes sociais o resultado de sua rinoplastia, levantando questões sobre os cuidados necessários ao considerar procedimentos estéticos nessa faixa etária.

 

Rafaella optou pela cirurgia para corrigir um desvio de septo. De acordo com o Dr. Edson Freitas, que possui Fellowship em Cirurgia Plástica Facial pela USP, a condição ocorre quando a cartilagem, osso ou ambos, que compõem o septo, a estrutura que separa as passagens nasal, não está centralizado. “Isso leva a uma obstrução parcial ou total de uma das narinas, podendo causar sintomas como dificuldade respiratória, congestão nasal e, em alguns casos, predispor a infecções”, afirma Edson.

 

Geralmente a intervenção cirúrgica é feita por um otorrinolaringologista e tem caráter de reparação. Já a rinoplastia é um procedimento com finalidade estética, para modificar a forma do nariz, realizado através da manipulação de cartilagem e do osso. 

 

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), apenas entre 2011 e 2021, houve um aumento de 141% no número de cirurgias plásticas realizadas em jovens com idades entre 13 e 18 anos. Essa tendência é motivo de preocupação para alguns especialistas, que ressaltam a importância de uma abordagem cuidadosa e ponderada.

 

O Brasil é reconhecido mundialmente como líder em cirurgias plásticas em jovens. Em 2016, dados da SBCP mostraram que, dos quase 1,5 milhão de procedimentos estéticos realizados no país, 97 mil (6,6%) foram feitos em indivíduos com menos de 18 anos.

 

Segundo Freitas, é fundamental que os pais e os próprios jovens entendam os riscos e as consequências envolvidos em procedimentos cirúrgicos, especialmente durante a adolescência. “Além dos aspectos físicos, é essencial considerar os impactos psicológicos e emocionais dessas intervenções. Muitas vezes, a insatisfação com a aparência está ligada a questões mais profundas que não podem ser resolvidas apenas com cirurgia”, afirma o especialista.

 

Porém, ele ressalta que em muitos casos pode ser bom para a autoestima do adolescente, quando o tamanho ou formato do nariz é muito desproporcional e causa inseguranças.

 

Diante desse cenário, o profissional recomenda uma avaliação criteriosa antes de qualquer intervenção. “É fundamental que os jovens passem por uma avaliação psicológica e que haja um diálogo aberto sobre suas expectativas e motivações para a cirurgia. A busca por padrões de beleza deve ser encarada com cautela, e é papel dos profissionais de saúde orientar os pacientes e suas famílias nesse processo”, finaliza.

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