Os canhotos e o plausível
Sempre fui canhoto e somente agora, com 82 anos, é que virei um canhestro ambidestro, usando a mão direita para sustentar o peso da minha velhice. Parafraseando Sartre, a aparência, conforme amavelmente me afirmam, é razoável; mas a essência (que é minha) vai se aguentando como pode.
O fato concreto é que me entendo como canhoto. Usar a mão e o pé esquerdos é imanente ao meu ser porque não me foi ensinado. Pelo contrário, o que tentaram fazer comigo foi corrigir-me, tratando meu canhotismo como um defeito. “Robertinho é canhoto...”, diziam resignados e para espanto meu os pais, avós e tios. Meus irmãos e amigos — porém, submetidos às mesmas opressões daquilo que chamamos de “processo de socialização” ou de “civilização”, que nos mandava calar a boca e a descobrir que “criança não tem vontade” — achavam bacana os meus surpreendentes chutes de esquerda.
Como fazer
O Senhor é a minha força e o meu escudo; nele o meu coração confia, e dele recebo ajuda.
(Salmos 28:7)
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