Fácil a vida dos negros nunca foi —no cinema ou fora dele. Fiquemos com o cinema, com o pioneiro Oscar Micheaux, cineasta com mais de 40 longas dirigidos entre 1919 e 1948. Sempre filmes baratíssimos, com vários atores amadores, sempre na base do “um por um” (isto é, sem segundo “take” para fazer correções), filmes rodados não raro com negativo vencido.
Os filmes de Micheaux estavam muito longe do sucesso a que chegou Chadwick Boseman na pele do “Pantera Negra”, ou seja, à condição de super-herói. Não se tratava mais de um evento quase clandestino, mas de um investimento pesado da indústria cultural. Não visava apenas o público negro —a significar uma mudança do mundo na percepção das pessoas ditas “de cor”.
Mudança simbólica, que se pode perceber também nos comerciais de TV como nos programas jornalísticos. Seria possível perguntar o que acharia Micheaux dessa transformação. “Pantera Negra” talvez indique mais a transformação do cinema