Já passa de meia-noite, mas o garoto de três anos não parece nem um pouco cansado em sua bicicleta. Ele passa pelo grupo de jovens que fumam, legalmente, cigarros de maconha, cruza três senhoras que tomam mate e estaciona em frente a um palco.
O que mais pareceria um delírio literário latino-americano é apenas um dia normal do Jazz a la Calle, festival que, uma vez por ano, muda completamente a vida de uma cidade minúscula no interior do Uruguai.
O endereço é Mercedes, a 275 km de Montevidéu. Todo janeiro, há 12 anos, a paisagem de ruas pacatas à beira do rio Negro troca, por causa do evento, a mansidão de seus usuais 40 mil habitantes por um contingente extra de 2.000 a 3.000 pessoas por dia. Destas, cerca de 200 são músicos de toda a América Latina.
De acordo com Mirian Lamas, presidente do Movimento Cultural Jazz a la Calle, o impacto na cidade é poderoso. O Departamento de Turismo da Intendência calcula que, aproximadamente, se produza um movimento econômico em Me