Um plano modesto levou o jornalista Audálio Dantas ao encontro mais importante de sua carreira, em maio de 1958. Ele queria passar uma semana observando o cotidiano de uma favela que crescia perto do centro de São Paulo e escrever uma reportagem sobre a vida de seus moradores.
Após três dias em campo, o repórter voltou para a Redação com meia dúzia de cadernos escolares, depositou-os na mesa do chefe e disse que o melhor a fazer era publicar seu conteúdo. Tinham sido escritos por Carolina Maria de Jesus, uma moradora da favela do Canindé que ele acabara de conhecer.
"Estava convencido de que não conseguiria retratar aquele mundo miserável com a mesma força e a mesma verdade contidas naqueles cadernos", explicou Audálio muito tempo depois, num livro em que reviu sua trajetória no jornalismo e reuniu os trabalhos mais significativos que publicou.
Ele contou a surpreendente história de Carolina aos leitores da Folha da Noite na edição de 9 de maio de 1958. "O drama da favela e