Depois de ler uma crônica que criticava a ditadura militar, nas páginas da Folha, em uma tarde de 1980, Sergius Gonzaga perguntou ao autor, Josué Guimarães, se ele não tinha medo. “Tenho”, respondeu o jornalista e escritor. “Mas, na hora da escrita, penso no que está ocorrendo no país e venço os meus temores.”
Gonzaga, professor do departamento de Letras da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), diz que olhou para Josué, com porte majestático, a barba dando-lhe aspecto de profeta bíblico que o seu nome anunciava, e sentiu orgulho de ser seu amigo.
"Era um causeur magnífico, capaz de levar os ouvintes ao paroxismo do riso ou à emoção mais candente, pois a exemplo da maioria dos grandes ficcionistas do mundo parecia ter vivido todas as possibilidades do humano, das experiências mais ínfimas às mais avassaladoras", lembra.
Josué, que havia dirigido a Agência Nacional no governo João Goulart (1961-1964), foi correspondente da revista O Cruzeiro na regiã