O pintor foi preso, torturado e fuzilado diante de sua companheira. Ela evitou o estupro pelo chefe de polícia matando-o com uma facada, mas se viu obrigada a pular no vazio, suicidando-se.
Episódio ocorrido no Brasil durante a ditadura militar? Não. Essas frases resumem a trama da ópera “Tosca”, de Giacomo Puccini, obra-prima de trágica força contemporânea.
O gênero da ópera sofreu uma condenação pelo espírito moderno do século 20, tão radical quanto injusta. Eram cabeças preconceituosas, animadas por um cerebralismo tantas vezes estéril, que julgavam a ópera grosseira, simplória e de mau gosto.
Tais preconceitos, felizmente, quase desapareceram. A complexidade e a grandeza daqueles personagens “larger than life” mostram-se, ao contrário, muito atuais. Levam a apreender o equilíbrio tênue entre paixões e razões, reflexão e impulso, irracionalismos e estratégias.
Mostram, melhor do que tantas análises teóricas, como a política se constituem por um a