Era uma festa cheia de figurões. Contei pelo menos um ex-ministro, um neurocientista, dois banqueiros e um imortal da ABL. Circula daqui, conversa de lá, parei numa rodinha onde casualmente me fizeram a pergunta do milhão: "E você? Faz o que da vida?". Respirei fundo antes de dar a resposta que valia só dez pontos. "Sou roteirista de game show."
Na verdade, eu não era. Estava. Ainda assim, como explicar meu humilde trabalho àqueles tipos importantes? "Pois é, pessoal, eu decido o que um candidato ganha ao bater no botão que pisca." Ou "arrã, isso mesmo, eu invento o quiz que faz a celebridade ser emparedada por tijolos de isopor".
Brincadeiras envolvendo correrias e cultura inútil não podem faltar na TV mundial, vide a quantidade de programas importados que nos servem de inspiração. Minhas maiores referências sempre foram as questões dificílimas de "O Céu É o Limite" e "8 ou 800", bem como as lambanças do "Passa ou Repassa". Ali, com Angélica, a torta na cara virou pastelão-arte.