Numa tarde de abril, o cabo da PM Daniel Gonçalves Correa quebrou uma regra imposta por ele mesmo: não falar com a família sobre o trabalho.
À filha de 12 anos, Beatriz, o policial militar comentou o alto risco da profissão e a possibilidade de um dia sair para trabalhar e não mais voltar.
“Se me acontecer alguma coisa, filha, você cuida da mãe, do seu irmão. Não chore muito, nem deixe sua mãe ficar muito triste”, pediu ele.
Era a primeira vez que a menina ouvia o pai falar da própria morte, para ela ou para outra pessoa daquela casa.
Embora impactante, aquilo parecia algo improvável para um preparado policial da Rota, a tropa de elite da PM paulista, e muito distante para um homem de 43 anos de idade, cuja única preocupação com a saúde eram os quilinhos sobressalentes que tentava perder com uma dieta alimentar.
Tardou pouco, porém, até as más notícias baterem à porta da família, em São Vicente, no litoral paulista, dando ar premonitório à fala do pai à filha.