Para Ana Clara, aqueles sacos cinzas que às vezes vêm pendurados nos helicópteros são a comida que os bombeiros levam para não passarem fome durante as buscas. Para Estefany, é onde eles carregam os animais encontrados mortos na lama.
Está difícil para as famílias responder às duas meninas de 9 anos o que realmente está ali dentro: os corpos das centenas de vítimas que vão sendo achados pouco a pouco em Brumadinho (MG), em meio aos rejeitos da barragem da Vale que ruiu há mais de duas semanas.
“Não tenho coragem, não. Eu digo que são as vacas, os bois que estão tirando”, diz a diarista Cláudia Pereira, 40, mãe de Estefany. Mas essa não é a única dúvida que ela e outros pais das regiões afetadas da cidade têm que responder.
A lama vai chegar até aqui? A outra barragem vai estourar? O que é uma barragem? E se o helicóptero cair em cima da nossa casa? A gente pode se mudar? As perguntas, comuns entre as crianças que moram nessas áreas, muitas vezes vêm