Opinião | Auxílio para libertar e não para manter o povo no
Uma das experiências mais fortes na minha vida foi o encontro com Zé, um cortador de cana aposentado. Eu achava que tinha mais de 90 anos, mas não chegava nem aos 70. O rosto estava queimado pelo sol e enrugado pela fadiga. Não precisava de registro na carteira para comprovar seus anos de trabalho. Os calos nas mãos e as cicatrizes nos braços e nas pernas eram os comprovantes de seus longos e terríveis anos de duro trabalho. Sua aposentadoria era uma mixaria. Contou-me que pegava no pesado todo dia. Morava na fazenda junto com outras famílias, mas a moradia era uma covardia. A fazenda ficava longe de tudo. Para comprar o necessário para viver só existia o mercadinho do patrão. Os preços eram altíssimos.
Aumentavam a cada semana, mas o salário permanecia o mesmo. E quando aumentava pela graça de Deus, o aumento era sempre inferior àquele dos preços do mercadinho. Ninguém dava conta. No mesmo dia em que recebia o mísero salário já estava endividado. Paga