Conforme a eleição se aproximava, senti-me diminuir, tornar-me um personagem liliputiano: minúsculo e insignificante. Tinha a sensação opressiva de que estávamos sendo enganados, ou nos enganando a nós mesmos, debruçados sobre pesquisas incapazes de atingir as profundezas da consciência popular.
E foi exatamente isso que ocorreu. Fomos enganados. E nos autoiludimos até o limite da nossa ingenuidade ou estupidez. Diante da violência dos fatos duros da vida, até mesmo o cinismo dos dirigentes partidários nos parece pueril.
As urnas soltaram um terrível grito de desespero.
Então, ao auscultar a sua voz triste e raivosa, voltamos a diminuir, até nos tornarmos praticamente invisíveis. De que adianta berrar, se nossa voz chega ao mundo dos gigantes, ao povo, com o mesmo som de uma formiga caminhando sobre o assoalho?
Agora não importam mais “pesquisas”.
Agora temos números reais, palpáveis, com os quais analisar a realidade, não mais projeções utópicas de nossos sonhos