Resumos
Registramos a incidência de parasitismo por vermes Mermithidae em larvas de Chironomus gr. decorus (Diptera: Chironomidae), no Rio dos Peixes, Dois Córregos, região centro-oeste do Estado de São Paulo, Brasil. Neste estudo, de um total de 791 larvas amostradas, 205 (25,9%) estavam infectadas por mermitídeos, indicando que larvas de Chironomidae são comumente parasitadas por vermes mermitídeos.
Chironomus gr. decorus; nematóide; ecologia; riachos
We report the incidence of Mermithidae (Nematoda) parasitism in Chironomus gr. decorus larvae (Diptera: Chironomidae) at Rio dos Peixes, Dois Córregos, central west region of São Paulo State, Brazil. In this study, of a total of 791 larvae, 205 (25.9%) were infected by mermithid worms, indicating that Chironomidae larvae are commonly parasitized by Mermithidae worms.
Chironomus gr. decorus; nematode; ecology; stream
SHORT COMMUNICATIONS
Parasitismo por Mermithidae (Nematoda) em larvas do gênero Chironomus gr. decorus (Diptera: Chironomidae) no Rio dos Peixes, Dois Córregos, SP, Brasil
Parasitism by Mermithidae (Nematoda) in Chironomus gr. decorus larvae (Diptera: Chironomidae) at Rio dos Peixes, Dois Córregos
Fabio Laurindo da SilvaI, 1; Sonia Silveira RuizII; Diana Calcidoni MoreiraIII; Gabriel Lucas BochiniIII
IPrograma de Pós Graduação em Ecologia e Recursos Naturais PPGERN/CCBS UFSCar, Laboratório de Entomologia Aquática, Departamento de Hidrobiologia, Universidade Federal de São Carlos UFSCar, Rodovia Washington Luís, Km 235, CP 676, CEP 13565-905, São Carlos, SP, Brasil
IIUniversidade Paulista UNIP, Rodovia Marechal Rondon, Km 335, CEP 17048-290, Bauru, SP, Brasil
IIILaboratório de Organismos Aquáticos, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual Paulista UNESP, Avenida Luiz Edmundo Carrijo Coube, s/n, CP 473, CEP 17018-130, Bauru, SP, Brasil
RESUMO
Registramos a incidência de parasitismo por vermes Mermithidae em larvas de Chironomus gr. decorus (Diptera: Chironomidae), no Rio dos Peixes, Dois Córregos, região centro-oeste do Estado de São Paulo, Brasil. Neste estudo, de um total de 791 larvas amostradas, 205 (25,9%) estavam infectadas por mermitídeos, indicando que larvas de Chironomidae são comumente parasitadas por vermes mermitídeos.
Palavras-Chave: Chironomus gr. decorus, nematóide, ecologia, riachos.
ABSTRACT
We report the incidence of Mermithidae (Nematoda) parasitism in Chironomus gr. decorus larvae (Diptera: Chironomidae) at Rio dos Peixes, Dois Córregos, central west region of São Paulo State, Brazil. In this study, of a total of 791 larvae, 205 (25.9%) were infected by mermithid worms, indicating that Chironomidae larvae are commonly parasitized by Mermithidae worms.
Keywords: Chironomus gr. decorus, nematode, ecology, stream.
Introdução
As espécies do gênero Chironomus Meigen, 1803 (Diptera, Chironomidae) apresentam ampla distribuição mundial, sendo suas larvas ecologicamente versáteis, vivendo em ambientes lóticos e lênticos, em baixas e altas profundidades e em águas poluídas ou não (Correia 2004). No aspecto prático, várias espécies desse gênero podem ser consideradas importantes indicadores naturais de qualidade de água (Silveira 2004) e utilizadas em programas de biomonitoramento (Lindegaard 1995).
O gênero Chironomus destaca-se sobretudo pelos densos enxameamentos (Ali 1995). Embora os adultos não sejam sugadores de sangue, quando emergem em abundância na proximidade de áreas residenciais, recreacionais ou industriais, podem ser bastante incômodos, podendo obstruir unidades de ar condicionado, prejudicar a visibilidade em rodovias ou ainda serem inalados por humanos e animais domésticos (Ali 1991), principalmente em países de clima temperado.
Apesar de algumas espécies de Chironomidae serem reconhecidas como hospedeiro de diversos parasitas pertencentes a diferentes táxons, incluindo fungos, ácaros aquáticos, microesporozoários e larvas de Hymenoptera (Steffan 1967, Tokeshi 1995, Roque & Trivinho-Strixino 2006), os mermitídeos (Nematoda) constituem os parasitas mais comuns de Chironomidae segundo o amplo registro na literatura. Johnson & Kleve (2000) descreveram o mermitídeo Strelkovivermis amphidis emergido de larvas de Chironomidae de dois lagos em Minnesota (EUA). Estudos de laboratório e de campo demonstraram que larvas de primeiro estádio de Culicoides variipennis sonorenis Wirth & Jones, 1957 (Diptera, Ceratopogonidae) foram mais parasitadas pelo mermitídeo Heleidomermis magnapapula Poinar & Mullens, 1987 que larvas de quarto estádio (Mullens & Lubring 1998). Esta nota registra a incidência de parasitismo por mermitídeos em larvas do gênero Chironomus (Diptera: Chironomidae) no Rio dos Peixes, Dois Córregos, região centro-oeste do Estado de São Paulo, Brasil.
Material e Métodos
Este estudo foi realizado no Rio dos Peixes, no município de Dois Córregos, situado na região centro-oeste do Estado de São Paulo, Brasil. Em abril de 2003, sete coletas foram realizadas em dois trechos, de aproximadamente 3 m de largura, do Rio dos Peixes: O ponto 1 (P1), localizado em área urbana, é bastante perturbado, recebendo um grande aporte de matéria orgânica e foi escolhido pela elevada densidade de larvas de Chironomus observada anteriormente. O ponto 2 (P2) constitui um pequeno afluente do Rio dos Peixes, num local onde as águas, represadas, formam um pequeno ambiente lêntico; esse local possui substrato arenoso e apresenta densa vegetação ciliar, relativamente conservada. O ponto foi utilizado como referência por não ser um trecho impactado.
O sedimento foi coletado em tréplicas, com auxílio de uma draga de Ekman-Birge (225 cm2). Em laboratório o substrato foi lavado e peneirado, sendo que o material retido nas peneiras passou por triagem e os indivíduos pertencentes ao gênero Chironomus foram isolados e preservados em etanol 70%. A observação de parasitismo e o reconhecimento do parasita foram realizados por transparência, em microscópio óptico, observando-se lâminas semipermanentes, das cápsulas cefálicas e do corpo das larvas de Chironomidae, preparadas em meio de Hoyer. A identificação foi realizada com auxílio de chaves de Trivinho-Strixino & Strixino (1995) e Poinar (1991). O pH e condutividade elétrica da água (mS/cm1) foram determinados in situ, com auxílio dos medidores Corning pH 30 e Corning CD-55, respectivamente.
Resultados e Discussão
Entre os gêneros de Chironomidae, Chironomus destaca-se por sua elevada abundância e é considerado um excelente indicador de águas de qualidade pobre (Hooper et al. 2003). Altas densidades de Chironomus foram registradas neste trabalho (Tabela 1). Apenas uma morfoespécie de Chironomus foi amostrada neste estudo, pertencente ao grupo "decorus". No ponto 1, Chironomus representou 92,2% do total de larvas de Chironomidae amostradas. Esta elevada densidade do gênero relaciona-se, provavelmente, à disponibilidade de alimento, visto que estes organismos alimentam-se de matéria orgânica fina (Moreno & Callisto 2006) e esse local recebe um grande aporte deste material, proveniente de atividades antrópicas. É importante ressaltar que a área em questão havia deixado de receber o despejo de efluentes doméstico há um ano e portanto a ação residual desta prática também pode explicar a densa população de Chironomus encontrada no local. Já no ponto 2, Chironomus representou 14,8% do total de larvas de Chironomidae amostradas. Este valor, possivelmente, está associado ao fato deste ponto representar uma das nascentes do Rio dos Peixes e não apresentar perturbação antrópica.
ThumbnailOs valores médios de pH obtidos para os dias de amostragem (P1 5,6 e P2 5,0), caracterizaram o ambiente como de águas ácidas. Neste estudo, os valores médios de condutividade elétrica apresentaram-se bem distintos entre os dois pontos de amostragem. O menor valor médio foi registrado em P2 (60 µS/cm1), enquanto o maior foi o de P1 (544 µS/cm1). Esta maior condutividade, provavelmente, está relacionada com a entrada de matéria orgânica ao longo do rio. Tal aporte favorece a atuação de organismos decompositores aeróbicos e, conseqüentemente, aumenta a quantidade de íons dissociados na água (Arcova 1996). Dessa forma, os valores de condutividade elétrica podem ser considerados como um indicador de condições adequadas (elevada quantidade de matéria orgânica) para o desenvolvimento de algumas formas imaturas de Chironomidae. Este fato pode ser confirmado, verificando-se que em P1 o gênero dominante foi Chironomus, o qual, segundo Simpson & Bode (1980), é característico de águas enriquecidas com matéria orgânica.
Nos últimos anos, várias espécies de Mermithidae vêm sendo identificadas, descritas e registradas como parasitas de Chironomidae (eg. Camino 1991, Poinar & Poinar 2003, Johnson & Kleve 2003, 2004). Neste estudo, de um total de 791 larvas amostradas (Tabela 1), 205 (25,9%) estavam sendo parasitadas por vermes Mermithidae. Esse valor está próximo da taxa anual de infecção (entre 0 e 24,8%) de Hydromermis contorta em Chironomus plumosus, obtida por Johnson (1955) na América do Norte.
Os mermitídeos geralmente ocorrem como endoparasitas no último instar larval, em pupas e nos adultos de Chironomidae (Golini & Sherry 1979, Tokeshi 1995), sendo na maior parte dos casos fatal para o hospedeiro (Nickle 1972). Os vermes desta família enrolam-se internamente na região posterior do abdome das larvas ou esticam-se ocupando toda a hemocele ao longo do hospedeiro (Ginarte 2003). Neste estudo, não foi possível determinar o gênero e a espécie de mermitídeo, pois não se obtiveram exemplares adultos, que são os que apresentam a maior quantidade de caracteres diagnósticos (Nickle 1972).
Embora seja comum o parasitismo de larvas de Chironomidae por vermes mermitídeos, como pode ser comprovado neste estudo, poucos estudos enfatizam detalhadamente o efeito dos mermitídeos sobre as populações de Chironomidae ou investigam a relação hospedeiro/parasita entre estes organismos (Tokeshi 1995). Dessa forma, estudos que envolvam a dinâmica populacional das larvas e a incidência de parasitismo por mermitídeos são necessários para suprir esta lacuna. Cabe mencionar também a importância de se obter os adultos dos mermitídeos, além de obter associações seguras de larva, pupa e adultos dos Chironomus.
Agradecimentos
Os autores agradecem as Profas. Dras. Jandira Liria Biscalquini Talamoni e Fátima do Rosário Naschenveng Knoll pelas sugestões e comentários e ao MSc. Gustavo Mayer Pauleto pelo auxilio no trabalho de campo.
Recebido em 27/08/07
Versão Reformulada recebida em 25/02/08
Publicado em 01/04/08
Referências bibliográficas
Datas de Publicação
Histórico
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