Os efeitos da banana na economia do Espírito Santo

Economia Os efeitos da banana na economia do Espírito Santo Thauane Lima4 de novembro de 2024Última atualização: 4 de novembro de 2024CompartilheFacebookTwitterWhatsAppTelegramCopy URL

A banana é uma das frutas mais consumidas e cultivadas no Brasil, desempenha um papel crucial na economia do Espírito Santo, especialmente na região de Alfredo Chaves, Itaguaçu, Linhares, Iconha e Laranja da Terra. Com uma produção robusta e crescente, a força da banana capixaba se destaca não apenas pelo seu valor nutritivo, mas também por sua importância econômica, gerando emprego e renda para milhares de famílias capixabas.

Em 2022, a produção de banana no estado alcançou R$ 686 milhões, representando 2,83% do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBPA) do Espírito Santo. Além de ser um produto de destaque no mercado interno, a fruta capixaba também se destaca nas exportações, gerando divisas e contribuindo para o desenvolvimento econômico da região.

Em 2023, a produção de banana no Espírito Santo atingiu impressionantes 411.962 toneladas, cultivadas em uma área de 28.734 hectares. No estado a produtividade média é de 14 toneladas por hectare.

A presença da banana capixaba no mercado internacional se torna ainda mais relevante com exportações que chegaram a 532,6 toneladas nos primeiros oito meses de 2023, gerando divisas de US$ 290.690, com a Argentina e o Uruguai como principais consumidores.

O polo de bananicultura do Espírito Santo é um dos mais sustentáveis do Brasil. A combinação de assistência técnica, extensão rural e pesquisa faz do polo de banana do Espírito Santo um dos mais sustentáveis do Brasil. Enquanto outras regiões trabalham com apenas uma ou duas cultivares, aqui são aproximadamente 25, o que contribui significativamente para a sustentabilidade da bananicultura.

Cadeia produtiva

Rian Fardin é um empresário de Vargem Alta que tem o alimento como peça fundamental de seu negócio, a banana movimenta uma cadeia produtiva enorme na região.

“Com a banana garantimos a geração de renda para os produtores rurais durante todo o ano e uma previsibilidade de fornecimento da matéria-prima principal para a indústria. Isso é feito por meio de uma parceria vantajosa para ambos os lados, por meio da qual a Fardin compromete-se com a compra da totalidade da produção anual da fruta dos agricultores locais”, destaca.

Para a indústria, é fundamental o cultivo do fruto com qualidade, para o sucesso do produto final. Por isso a empresa de Rian oferece informações técnicas e treinamentos, com o intuito de tornar as operações dos produtores mais eficientes e rentáveis.

“Em 2020 eram 100 agricultores e, em 2024, já são mais de 140 famílias. Além disso, o volume individual de produção de banana de cada fornecedor também tem aumentado. Esse relacionamento fomenta o crescimento da agricultura familiar na região porque eles têm para quem vender. A indústria, por outro lado, tem seu principal insumo garantido”, afirma.

Pesquisas:

A busca por inovações e melhorias na produção de banana está em andamento no Espírito Santo, liderada pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Entre as pesquisas mais promissoras, destaca-se o desenvolvimento de uma nova cultivar de banana do tipo Nanicão/Nanica, que será lançada no próximo ano. Esta nova variedade promete atender à crescente demanda do mercado, aliando qualidade e resistência.

Outra iniciativa importante é a produção de mudas micropropagadas (in vitro) de banana. Essas técnicas, desenvolvidas no Laboratório de Cultura de Tecidos e Células Vegetais do Incaper, pretendem produzir mudas uniformes e livres de pragas e doenças.

As mudas geradas estão sendo distribuídas a produtores do município de Presidente Kennedy, e os estudos também incluem a avaliação do impacto socioeconômico dessa iniciativa, demonstrando o comprometimento do Incaper com a melhoria das condições de produção dos agricultores locais.

Além disso, o Incaper está revitalizando e mantendo o Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de banana na região sul do estado. Esse acervo contém mais de 30 genótipos de diferentes subgrupos de bananeiras, possibilitando avaliações que visam à seleção de novos materiais com características favoráveis para se tornarem novas cultivares comerciais. O principal objetivo do trabalho desenvolvido no BAG é selecionar genótipos resistentes às principais doenças e pragas da bananeira, garantindo a sustentabilidade da produção.

Outra frente de pesquisa em andamento diz respeito aos impactos do uso de práticas agroecológicas na sustentabilidade da cultura da banana. Estudos estão sendo conduzidos para entender como essas práticas podem contribuir para a conservação do solo, a biodiversidade e a saúde dos ecossistemas, além de promover a resiliência dos agricultores às mudanças climáticas.

O extensionista do Incaper, Alciro Lamão Lazzarini, destaca o serviço de capacitação para produtores capixabas. “Entre os temas abordados recentemente estão: boas práticas agroecológicas, manejo da lavoura de banana, incluindo tratos culturais, nutrição, variedades, colheita e pós-colheita, e comercialização. Também tratamos de controle fitossanitário, abordando pragas como broca-da-bananeira, trips, esperança, e nematóides. Em relação a doenças, abordamos mal-do-Panamá, sigatoka amarela e negra, e viroses, além de distúrbios fisiológicos e nutricionais que afetam os bananais da região”, afirma.

Lazzarini elencou os desafios mais comuns que os produtores de banana enfrentam, como a escolha da variedade é crucial; há 10 variedades do subgrupo Prata, além de outras como Cavendish e Maçã. “Os produtores devem escolher variedades que atendam aos requisitos de qualidade e produtividade. Outro desafio é a colheita e pós-colheita, já que a maior parte da produção ocorre em regiões montanhosas. Apesar das melhorias nas estradas, os danos durante o transporte podem comprometer a qualidade das bananas. Muitos produtores estão tentando encurtar a cadeia de comercialização, vendendo diretamente ao consumidor ou a distribuidoras, mas isso também pode resultar em perda de qualidade durante o transporte e manuseio”, esclarece.

Thauane LimaBacharel em Jornalismo pela UFESCompartilheFacebookTwitterWhatsAppTelegramCopy URL

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