São Miguel das Missões

Assim que botei os pés para fora do avião no aeroporto de Santo Ângelo, no noroeste do Rio Grande do Sul, uma multidão recebeu com alegria efusiva aquele que era o voo inaugural e direto entre São Paulo e a capital da chamada Rota das Missões. Até então, quem vinha de outras regiões do país tinha que voar até Porto Alegre e então pegar outro voo de uma hora e vinte, ou encarar mais de seis horas de carro para chegar na região missioneira. Desde outubro de 2022, o pequeno Aeroporto Sepé Tiaraju está a apenas uma hora e cinquenta minutos de distância do Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Mais tarde eu descobriria que a folia ao redor da nossa chegada era apenas uma prévia da paixão missioneira: não encontrei por ali nenhuma pessoa que não falasse, com olhos marejados, sobre o orgulho de suas origens e história. Todas as cidades da Rota das Missões estão ligadas, de alguma forma, com as missões jesuíticas na América – e a grande maioria marca seu pertencimento ao grupo com a Cruz Missioneira, que possui quatro braços na horizontal.

No início dos anos 1600, quando aquela região ainda era território espanhol pelo Tratado de Tordesilhas, os padres da Companhia de Jesus se embrenharam entre os povoados guaranis e criaram dezenas das chamadas reduções jesuíticas, que tinham como meta a catequização. Não foi um período pacífico. Ameaçados pelos bandeirantes, que queriam escravizar os indígenas, várias aldeias originárias se juntavam nessas cidades onde os jesuítas os protegiam em troca da adesão aos costumes cristãos. Especialmente em São Miguel das Missões, a cidade mais famosa, é possível visitar as imponentes ruínas da redução de São Miguel Arcanjo, declarada Patrimônio Mundial pela Unesco em 1983.

A cruz de quatro braços é conhecida mundo afora como “Cruz de Caravaca” pois, segundo a tradição cristã, ela teria aparecido por milagre durante uma missa na cidade de Caravaca de la Cruz, na Espanha. No Rio Grande do Sul, ela se popularizou pelo nome de Cruz Missioneira por ter ganho terreno durante as Missões Jesuíticas (Caroline Dalla Vecchia/Arquivo pessoal)

QUANDO IR

A melhor época pra visitar São Miguel das Missões vai de outubro a maio, quando o clima é mais quente e dá para curtir melhor os passeios ao ar livre. O verão (dezembro a março) é a alta temporada: faz bastante calor, a cidade fica mais cheia e animada, com mais turistas circulando.

Se você curte um clima mais fresco, a primavera e o outono são ótimas pedidas – temperaturas amenas, dias agradáveis e menos gente. Já no inverno (junho a setembro), pode bater um friozinho e a chance de chuva é maior, então vale levar casaco e guarda-chuva.

Na baixa temporada, a cidade fica mais tranquila e os preços de hospedagem caem um pouco, o que é ótimo para quem quer economizar. Mas se você busca agito, talvez seja melhor ir nos meses mais quentes mesmo.

ONDE FICAR

Ainda não são muitas as opções de hospedagens nas cidades da Rota das Missões. Em Santo Ângelo, o Villas Hotel tem as instalações completas, com academia, piscina e um elogiado café da manhã. A outra opção é o Hotel Maerkli que, apesar de ser um pouco mais antigo e simples, é igualmente elogiado e tem uma localização privilegiada no centro da cidade, então é possível caminhar até as atrações históricas.

Em São Miguel das Missões, os dois principais hotéis foram construídos com a mesma temática de simular as residências guaranis das antigas reduções. A principal diferença são as proporções: o Tenondé Park Hotel fica em um terreno mais amplo, tem salas de jogos e convivência e um restaurante aberto a não hóspedes. Já a Pousada das Missões é menor, mas fica estrategicamente próxima das ruínas de São Miguel Arcanjo.

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ONDE COMER

São Miguel das Missões não tem tantas opções gastronômicas, mas dá para comer bem e conhecer um pouco da cultura local pelos sabores.

Uma das paradas mais práticas é o restaurante O Guarani, que fica perto das ruínas de São Miguel das Missões. O ambiente é simples, com atendimento familiar e comida caseira servida no sistema de bufê a quilo.

Para uma experiência mais elaborada, o destaque vai para o Restaurante Pixé, que fica dentro do Tenondé Park Hotel, mas também atende não-hóspedes. O cardápio mistura tradição missioneira com toques contemporâneos.

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Se a ideia for um lanche ou café, a dica é a Padaria e Confeitaria Carla. Serve tortas, doces, salgados e um pão de milho feito com ingredientes regionais.

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Outras opções incluem o Restaurante Recantu’s, com pizzas de massa caseira à noite, e o Restaurante Sabor Missioneiro, que aposta no churrasco feito no fogo de chão e pratos típicos, servidos num ambiente rústico.

O QUE FAZER

As ruínas de São Miguel Arcanjo costumam ser o grande motivo da viagem – e com razão. Mas o que muita gente não imagina é que, até chegar a elas, há outras paradas que ajudam a entender melhor a história das reduções jesuíticas e o que elas representaram.

Quem chega de avião desembarca em Santo Ângelo, ponto de partida mais comum para quem visita a região. No caminho até São Miguel das Missões, surgem outras cidades marcadas por vestígios desse passado.

A seguir, um roteiro completo com tudo o que vale conhecer – desde os primeiros passos rumo às Missões até o encontro com as ruínas mais emblemáticas do sul do Brasil:

Santo Ângelo

Por mais que a atração mais famosa da região seja o sítio arqueológico em São Miguel das Missões, a viagem começa por Santo Ângelo para quem chega de avião. Considerada a Capital das Missões, a cidade com o maior desenvolvimento urbano da região foi, na verdade, a última redução dos Sete Povos das Missões no Brasil a ser fundada e durou apenas 50 anos até ser destruída pela Coroa Portuguesa durante a Guerra Guaranítica. Vítima de uma campanha difamatória na Europa, a Companhia de Jesus acabou banida da América em 1767.

Boa parte das construções desse período foi destruída em razão dos confrontos. Mas isso não significa que Santo Ângelo não tenha atrativos que remetam às Missões. O centro histórico é uma reconstrução de como eram os povoados jesuítico-guaranis e, mesmo que nem tudo seja 100% autêntico, tem algo de inspirador em caminhar por ali. Em uma região onde predominam ruínas, Santo Ângelo parece ser uma redução que ainda vive sobre a mesma estrutura erguida há mais de 300 anos.

A cidade cresceu ao redor da Praça Pinheiro Machado, que costumava ser o pátio central da antiga redução, o que significa que essa área bem no centro da cidade ainda segue o mesmo formato que teve no início do século 18. Esse fato foi comprovado entre os anos de 2006 e 2008, quando a praça passou por um processo de revitalização e recuperação histórica.

No pórtico da Praça Pinheiro Machado, a transição entra pedra, concreto e pastilha de cerâmica simboliza o passado, presente e futuro do povo missioneiro (Caroline Dalla Vecchia/Arquivo pessoal)

Na ocasião, foram feitas escavações em que encontraram partes do piso da catedral original e de outras construções da redução de Santo Ângelo Custódio. Para os entusiastas da arqueologia, parte dessa descoberta está exposta próxima à igreja – para os meus olhos leigos, só consegui ver pedras parcialmente cobertas de terra. Além disso, na reforma foram adicionadas cruzes missioneiras nos quatro cantos do espaço, simulando os adornos originais, e um pórtico de entrada que homenageia as 30 reduções missioneiras do sul da América e, pousado no alto, está um Santo Anjo da Guarda para proteger o passado, presente e futuro desses povos.

No centro de tudo isso, o que mais chama a atenção é a Catedral Angelopolitana, que marca o exato lugar onde ficava a igreja da redução jesuítica. Algumas pedras do templo original resistiram e foram reutilizadas na construção de uma capela erguida ali no final do século 19. Esta capela, por sua vez, foi intencionalmente substituída pela catedral atual em 1929, quando foi posto em prática um projeto de reconstituir a estrutura e a fachada da antiga igreja da redução de São Miguel Arcanjo, aquela das famosas ruínas que eu ainda veria. A igreja abre de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 17h. Aos domingos, funciona até as 22h. Já aos sábados, permanece fechada.

As reduções jesuíticas cresciam ao redor de um pátio onde eram feitas celebrações religiosas, festas, casamentos, castigos e outras atividades sociais; Santo Ângelo manteve essa configuração, e cresceu ao redor da Praça Pinheiro Machado (Caroline Dalla Vecchia/Arquivo pessoal)

Na rua ao lado, o Museu Municipal Dr. José Olavo Machado foi instalado no prédio onde viveu o primeiro prefeito da cidade e que, por sua vez, construiu sua residência sobre a estrutura remanescente de uma casa guarani. O museu não é muito grande e falta um pouco de ordenação nos itens do acervo. Não há muitas placas indicando o contexto dos objetos. O que vi foram vestígios das Missões, como ferramentas utilizadas pelos indígenas, misturados com memorabilia relacionada à história mais recente da cidade, como escrituras de terrenos, máquinas registradoras e honrarias militares.

O Museu Municipal Dr. José Olavo Machado foi construído sobre uma casa indígena, mas teve sua configuração alterada quando o primeiro prefeito da cidade atualizou a estética da residência para os padrões daquela época (Caroline Dalla Vecchia/Arquivo pessoal)

Ainda assim, vale muito a pena a visita para ver partes da casa cujo revestimento foi removido, deixando à mostra a estrutura da moradia original dos indígenas, assim como materiais e utensílios que eram utilizados na época. Outra razão são as maquetes das reduções, que eu fotografei com o celular e me foram muito úteis para que eu pudesse localizar o que era cada ruína quando visitei São Miguel das Missões e São João Batista. Todas as reduções seguiam uma estrutura padrão: a catedral ao centro, à direita o cemitério e o potiguassu (casa dos órfãos e viúvas), à esquerda o claustro dos padres, a escola e as oficinas e, à frente, um pátio ladeado pelas casas dos indígenas (todas avarandadas, para trazer a sensação de liberdade). O museu é gratuito e abre de terça-feira a domingo das 8h30 às 12h e das 13h30 às 17h. Aos sábados, ele funciona apenas das 13h30 às 17h.

As maquetes do Museu de Santo Ângelo são essenciais para entender como era a configuração padrão das reduções; a da foto tem caráter educativo, mas há outras peças em exposição com miniaturas mais detalhadas (Caroline Dalla Vecchia/Arquivo pessoal)

Sítio Arqueológico de São João Batista e Santuário do Caaró

Cada uma das 26 cidades da Rota das Missões ostenta alguma atração histórica ou natural e, no caminho entre Santo Ângelo e São Miguel das Missões, duas delas valem uma paradinha. A primeira é no Sítio Arqueológico de São João Batista, o segundo maior da região, que está localizado na área rural de Entre-Ijuís. Essa redução foi a penúltima a ser fundada e ganhou fama por ter os melhores artistas e por estabelecer a primeiríssima fundição de ferro da América Latina. Dentro do sítio, há um monumento que homenageia o pioneirismo da siderurgia brasileira, retratando os indígenas de São João Batista junto com o padre responsável, Antônio Sepp.

Ao notar que as rochas da região enferrujavam após muito tempo expostas à chuva e sol, o padre Antônio Sepp passou a instruir os grupos originários no que seria a primeira siderurgia do Brasil (Caroline Dalla Vecchia/Arquivo pessoal)

Neste parque podemos ver as paredes laterais do que um dia foi a igreja e o colégio da redução, mas diferentemente de São Miguel, onde esses elementos roubam toda a cena, aqui o mais interessante é entender a localização do cemitério e das casas indígenas. Logo depois da entrada, há várias bases de pedra que demarcam a área das residências, o que torna possível entender a dimensão daquela comunidade. Se você estiver fazendo o passeio sem guia, é fundamental que tenha seguido a minha dica de fotografar as maquetes no Museu Municipal ou ao menos memorizar a estrutura padrão das reduções. Apesar de haver algumas placas próximas ao portão, não há identificação sobre o que é cada ruína e, sem contexto, elas podem parecer só um amontoado de pedras.

O acesso até ali não é dos melhores. É preciso pegar uma saída à esquerda entre os trevos Entre-Ijuís e Vitória das Missões, na BR-285, e então enfrentar 8 quilômetros de estrada de terra com poucas sinalizações (vale baixar o mapa no Google Maps com antecedência para não se perder quando ficar sem sinal de celular). A entrada para o Sítio Arqueológico é gratuita e o local abre para visitação de terça-feira a domingo, das 9h às 12h e das 14h às 18h.

As paredes mais altas do Sítio Arqueológico de São João Batista são as estruturas laterais da igreja da redução (Caroline Dalla Vecchia/Arquivo pessoal) Logo após a entrada do Sítio Arqueológico de São João Batista, pedras marcam onde foram as casas guaranis (Caroline Dalla Vecchia/Arquivo pessoal)

Depois do sítio arqueológico, são 30 minutos de carro até o trevo de acesso a Caibaté. No entanto, para ver sua principal atração não é preciso entrar na cidade, mas pegar a saída oposta a ela e rodar por mais três minutos em uma estrada de asfalto que já viu dias melhores. O caminho leva ao Santuário do Caaró, templo que marca o território onde aconteceu o martírio dos santos missioneiros Roque González, Afonso Rodrigues e João de Castilho.

Ainda na primeira fase das Missões Jesuíticas, em 1628, os três padres fundaram a Redução de Todos os Santos no território de Caibaté, que então era chamado de Caaró. A opressão da cultura guarani e a imposição do catolicismo, porém, não foi aceita nesse primeiro momento pelo grupo Mbyá que vivia na região, e uma resistência foi formada sob a liderança do pajé Nheçu. Os confrontos culminaram na morte dos três jesuítas e do líder guarani.

Para marcar o ponto exato do martírio de Roque González, Afonso Rodrigues e João de Castilho, a pequena igreja do Caaró foi construída no alto de um morro, cercada por mata nativa e propriedades rurais (Caroline Dalla Vecchia/Arquivo pessoal)

Após as fatalidades, os corpos dos jesuítas foram lançados ao fogo, onde se consumiram quase completamente, com exceção do coração de Roque González. Segundo a tradição católica, quando os indígenas perceberam que o coração estava intacto, teriam ouvido uma voz vinda do órgão dizendo que eles haviam matado apenas o corpo de González, pois sua alma já estava no paraíso e voltaria para ajudar os outros jesuítas em missão pela região.

Ainda hoje, o coração do mártir está intacto e é levado em peregrinação por santuários da América Latina que são devotos dos primeiros santos mártires do sul do continente. Não pude ver o coração, pois atualmente ele segue exposto na Igreja Cristo Rey, em Assunção, capital do Paraguai, mas os paroquianos do Caaró pretendem trazê-lo para uma temporada no Brasil nas comemorações de 400 anos do milagre, em 2028.

Como paulista que sou, acostumada com o gigantismo de Aparecida, eu tinha criado altas expectativas de encontrar uma enorme basílica, que já valesse a visita pela arquitetura. Entretanto, o Caaró é uma igreja com proporções de capela e sem ornamentos que a diferenciem das outras, mas que ainda assim tem um peso de solo sagrado e que chega a arrancar lágrimas dos olhos dos fiéis com quem falei. Tamanha emoção também se dá porque, no mesmo terreno da igreja, há uma fonte que foi abençoada por São Roque González e nunca secou. Enfim, trata-se de uma fonte de água benta de 400 anos que, segundo os religiosos, possui propriedades milagrosas. As missas acontecem apenas aos domingos, às 10h, mas o lugar está sempre aberto para visitação.

Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo

Enfim, chegamos a São Miguel das Missões, uma cidade pacata, de pouco mais de 7 mil habitantes, que guarda um dos maiores sítios missioneiros da América do Sul. Nas ruínas da redução de São Miguel Arcanjo, não é preciso forçar tanto a imaginação para enxergar a grandiosidade do trabalho conduzido por indígenas e jesuítas em 1687. Grande parte da estrutura da catedral está preservada e, ao lado dela, as paredes do colégio e das oficinas ainda estão em pé. A fachada, levemente inclinada para frente de propósito, parece crescer sobre qualquer pessoa que olha para cima. E, dentro da igreja, a diferença nas pedras de algumas paredes é testemunha dos incêndios e das batalhas que ali se sucederam.

Logo de cara, o que mais chama atenção no Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo é a catedral, com grande parte das paredes externas e da fachada em pé (Caroline Dalla Vecchia/Arquivo pessoal) Do lado de dentro é possível notar as marcas dos incêndios e os diferentes tijolos usados nas reconstruções (Caroline Dalla Vecchia/Arquivo pessoal)

A maioria das pessoas que visita a região das Missões tem como principal objetivo conhecer esse exato sítio arqueológico. O lugar, a meu ver, transpira algo de melancólico, como se fosse só você e aquele imenso fragmento de história que instiga a refletir sobre um período em que indígenas e jesuítas viveram em relativa comunhão, e sobre o fim trágico dessa convivência por uma tentativa da Coroa Portuguesa de centralizar cada vez mais a administração colonial e controlar as instituições religiosas.

Apenas uma torre da igreja permanece em pé, mas os arqueólogos acreditam que havia duas; ao entrar e olhar para o alto, a luz que incide forma a silhueta de uma cruz (Caroline Dalla Vecchia/Arquivo pessoal)

No mesmo parque onde estão as ruínas, fica um pequeno museu de três salas projetado por Lúcio Costa que simula uma casa guarani. O acervo é composto, basicamente, de pedaços de construções, adornos e a arte sacra produzida pelos indígenas durante as reduções. O Museu das Missões, como ficou conhecido, é aberto de terça-feira a domingo, das 9h às 12h e das 13h30 às 18h.

Projetado por Lucio Costa, o pequeno museu do sítio arqueológico expõe peças que adornavam as igrejas missioneiras (Caroline Dalla Vecchia/Arquivo pessoal)

Durante a noite, as ruínas de São Miguel também abrem para o Espetáculo Som e Luz, em que diferentes partes do sítio são iluminadas à medida em que é narrada a história das Missões Jesuíticas. Criado em 1978, as vozes foram gravadas por grandes nomes da dramaturgia, o que tornou o show consagrado pelo Brasil. Talvez seja exatamente por isso que eu tinha criado altas expectativas, que ficaram muito aquém do que eu imaginava.

A apresentação parece um tanto datada: as luzes apenas se acendem em pontos diferentes das ruínas com várias cores e, com exceção de Fernanda Montenegro e Lima Duarte, a maioria das vozes não é mais reconhecível do público jovem. Durante os quase 50 minutos de show, todos os espectadores se espremem na varanda do museu e, como não há cadeiras, é preciso permanecer em pé ou sentar no chão. E seja qual for a época do ano, é importante ter à mão algum agasalho – no inverno nem se fala.

De todo modo, o show é uma atração incontornável da cidade e acontece todos os dias às 20h30 nos meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, e às 20h nos demais meses do ano. Os ingressos ficam disponíveis uma hora antes do espetáculo e custam R$ 25 a inteira e R$ 10 para crianças e idosos.

Durante o Espetáculo Som e Luz, diferentes partes do Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo são iluminados, a depender do personagem ()

A aproximadamente um quilômetro das ruínas, numa outra parte do sítio arqueológico, é possível conhecer a Fonte Missioneira que, segundo os historiadores, era uma das sete fontes de água que abasteciam a redução. Ela pode ser visitada gratuitamente todos os dias, das 9h às 18h. Porém, quando chove a visita não é indicada porque o lugar fica bastante escorregadio.

Atrações rurais

Fora os vestígios históricos, a Rota das Missões também é muito ligada à agropecuária. Em São Miguel das Missões, no Borraio Minhas Origens, a família Guasso abre sua propriedade para mostrar um pouco do cotidiano rural dos colonizadores europeus que chegaram na região na metade do século passado. Numa espécie de celeiro de madeira, aberto ao público em 2014, Janio conta a história de alguns itens que pertenceram aos seus pais e avós ou que ele achou em garimpos pela cidade. Também é ali que está o tal do ‘borraio’, um fogo de chão que queima há cinco anos ininterruptamente. A visita deve ser reservada com antecedência.

No canto direito do celeiro, uma grande tora chamada de “borraio” queima ha cinco anos; ao redor dela, salames são defumados (Caroline Dalla Vecchia/Arquivo pessoal)

Quando estive em São Miguel das Missões, também conheci a Dona Dalva Mothci, uma mulher que segue a tradição familiar de criar ovelhas, fiar a lã e produzir peças artesanais – algumas delas são até utilizadas por uma designer de Milão. A Dalva recebe visitas no Ateliê Vó Angelina, localizado no Sítio Timbuava, onde ela faz um tour pelo sítio, convida as crianças a alimentar as ovelhas e mostra como é todo o processo desde a tosa da lã, passando pela linha até chegar na peça confeccionada. A visita deve ser reservada pelo site. Também são vendidas outras duas opções de visita, uma com café da manhã e outra com almoço.

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Como chegar

De carro a partir de Porto Alegre, pegue a Rodovia BR-116 em direção a Canoas. Na Av. Getúlio Vargas, siga pelo acesso à BR-386 – estrada com pedágios – e vá até a cidade de Tio Hugo. Lá, faça o retorno no trevo e pegue a RS-223. Um pouco depois de Ibirubá, vire à esquerda na BR-377 e siga até Cruz Alta. Pegue a RS-342 e, depois, em Ijuí, saia pela BR-285 (à esquerda). Percorra a estrada até chegar ao acesso de São Miguel das Missões.

Desde outubro de 2022, a Gol opera voos diretos entre São Paulo e Santo Ângelo três vezes por semana. Já a Azul oferece voos a partir de Porto Alegre 4 vezes por semana, com uma média de 1 voo por dia.

O portal de São Miguel das Missões é uma referência aos indígenas e aos padres da Companhia de Jesus (Caroline Dalla Vecchia/Arquivo pessoal)

Como circular

Santo Ângelo é a cidade com maior infraestrutura na região, com mais opções de restaurantes, mercados e farmácias, e pode ser uma boa base. É possível conhecer o essencial da cidade caminhando ou de táxi, dependendo da localização da hospedagem – os aplicativos de transporte não funcionam por lá.

Se usar Santo Ângelo como base, é preciso alugar um carro ou contratar guias de turismo que também ofereçam o serviço de transporte. Para rodar entre as cidades, as principais rodovias são a BR-392 e a BR-285, que estão em boas condições. No entanto, para chegar às atrações, é comum ter que encarar estradas de terra esburacadas. Naquela região, o sinal de celular não é dos melhores e, por isso, vale baixar com antecedência o mapa da região no Google Maps ou apelar para o bom e velho pedido de ajuda para quem estiver mais próximo.

Santo Ângelo funciona como base para conhecer, além da própria cidade, o Sítio Arqueológico de São João Batista, em Entre-Ijuís, e o Santuário do Caaró, em Caibaté. Porém, para explorar São Miguel das Missões com calma e assistir o Espetáculo Som e Luz, o melhor é pernoitar por lá.

No mapa abaixo, estão marcados os lugares mencionados nessa matéria:

   

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Versículo do Dia:
Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento.
(Provérbios 3:5)
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