2015 - Tribuna do Norte

Artigos Homenagem a Almino Afonso por Redação Tribuna do Norte 15 de abril de 2015 15 de abril de 2015 FacebookTwitterWhatsAppTelegram

Ticiano Duarte
Jornalista

Na homenagem que a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte prestou ao ex-ministro e ex-parlamentar Almino Afonso, falei em nome do Instituto Histórico Geográfico, saudando-o como um dos nossos irmãos, enfatizando sua ligação com nossa história, com nosso passado de luta.

Afirmei que o seu avô, com o seu nome era filho do Rio Grande do Norte, nascido em 17 de abril de 1840, no município de Patú e falecido em Fortaleza, Ceará, a 13 de janeiro de 1890. Sua vida, como a do neto, naquela oportunidade homenageado, fora uma sucessão de combates, na definição do mestre Luiz da Câmara Cascudo. Se o Almino Afonso, neto, está na história política do país, como um parlamentar brilhante, um dos maiores tribunos da Câmara dos Deputados, o avô também o foi, no Senado da República o neto representando o estado do Amazonas, o avô, representando o Rio Grande do Norte.

Cascudo, em o “Livro das Grandes Figuras,” volume VII, no capitulo que fala da sua atuação na vida política diz que ele foi “um dos primeiros socialista que tivemos. Incrível sua predileção pelos operários, os humildes, os anônimos, os deserdados”. Ainda reforçando sua tese, a respeito dos gestos humanitários do velho Almino Afonso relata que: “No Rio repartia o subsídio senatorial em remédios, vestidinhos e esmolas. Mas ninguém diria que aquele mosqueteiro furibundo, gritador e atrevido, apalpando facilmente o cabo de prata da faca ponta-de-espada, fosse o mais simples, caridoso e apiedado dos homens.

O neto, o homenageado pelo Poder Legislativo, numa Casa de tanta história e de tantas bravuras, trilhou o mesmo caminho do avô, em períodos diferentes, é bem verdade, mas com a mesma impetuosidade, vontade de servir ao seu povo e ao seu país, com os mesmo ideais republicanos, na defesa intransigente dos preceitos de uma democracia social, isto é, de um socialismo democrático. Roberto Bobbio definiu que a democracia não é incompatível, com doutrinas liberais e doutrinas socialistas, que é perfeitamente correto falar de liberalismo democrático e socialismo democrático.

Salientei mais ainda, que o homenageado era uma legendária figura do parlamento brasileiro, dos idos de 1950 a 1954, segurando as bandeiras do Partido Socialista Brasileiro e do Partido Trabalhista Brasileiro, da frente Parlamentar Nacionalista, líder da bancada petebista; Ministro do Trabalho, no governo de João Goulart, ano de 1963. Ele assumiu a partir de 24 de Janeiro daquele ano, pensando em trabalhar pela implantação do Plano Trienal, elaborado pelo grande brasileiro e economista Celso Furtado.

Logo depois da posse, no Ministério do Trabalho enfrentou a greve dos trabalhadores em transportes, ameaçando paralisar outros setores chaves do país, no cenário de pressões, tanto da parte dos patrões como dos empregados. Eles se houve com patriotismo e fidelidade aos seus princípios éticos. Teve coragem de enfrentamento com grupos que atuavam nas atividades sindicais de forma horizontal, acima das Confederações por categoria profissional, em vigor desde 1954. Baixou novas instruções, reconhecendo a legalidade da C. G. T. (Confederação Geral dos Trabalhadores). Foi contestado pelas entidades patronais mas não recuou no seu projeto democrático de ajudar as lutas dos trabalhadores, no combate sistemáticos aos que opunham ao êxito do plano trienal.

Saiu do governo e voltou à Câmara dos Deputados, tendo uma participação corajosa nos últimos acontecimentos que levaram a derrubada do Presidente Jango pelos militares. Uma história de vida parecida com a do avô, ambos lutando pelos ideais republicanos, de construção de uma sociedade democrática, em períodos diferentes, é bem verdade, mas pensando sempre na felicidade do povo brasileiro.

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