Hernán Crespo foi um dos treinadores que mais caiu nas graças da torcida do São Paulo nos últimos tempos — principalmente por tirar o clube da fila de títulos, ao conquistar o Campeonato Paulista em 2021. Agora, está certo para voltar ao Brasil após quase quatro anos.
O argentino levou o Tricolor ao título estadual com um time muito dinâmico, com marcação individual em todo o campo e um estilo frenético e exigente fisicamente. Depois, teve passagens de sucesso no Al-Duhail, do Catar, e no Al-Ain, dos Emirados Árabes Unidos. Mas que lições aprendeu e como volta ao São Paulo agora?
Como foi o desempenho de Crespo após saída do São Paulo?
Vendo números puros, Crespo foi tão bem quanto ou melhor em seus trabalhos seguintes à saída do Brasil. Teve impressionantes 76% de aproveitamento no Al–Duhail, onde conquistou três títulos em uma temporada: Campeonato do Catar, Copa da Liga e Copa das Estrelas.
Al-Ain, treinado por Hernán Crespo, foi campeão continental (Foto: Divulgação/Al Ain)No Al Ain, registrou os mesmos 54% de aproveitamento que teve no São Paulo e levou o time à conquista da Champions League Asiática. O argentino foi amplamente elogiado por ter passado por adversários consideravelmente superiores, como Al-Nassr e Al-Hilal. O Al-Ain era visto como azarão durante grande parte do torneio.
Ao longo da passagem pelo clube dos EAU, teve criticas de rivais, o acusando de usar “táticas anti-jogo”, e também considerado pragmático por parte dos próprios torcedores.
Antes da final da Champions Asiática, o jornal inglês “The Guardian” o colocou como um dos treinadores mais promissores de fora da Europa e não entendeu sua ida ao Al-Ain depois do sucesso no Al-Duhail. Entendeu-se como um passo para trás, e acreditava que o título continental o levaria para a Europa — o que, curiosamente, não aconteceu.
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Como jogava o Al-Ain de Crespo
Caso siga com seus padrões mais recentes, Crespo levará ao torcedor são-paulino diferenças em relação à sua primeira passagem. A principal é no sistema de jogo: antes fiel à linha de três zagueiros, o argentino migrou para o 4-2-3-1 durante seu tempo no Oriente Médio.
O Al Ain de Crespo sempre saía jogando com a primeira linha de quatro estruturada, e o goleiro também estava presente na construção, mesmo que menos participativo. Na maior parte do tempo, construíam em 4-2, com os dois volantes como pivôs.
Construção do Al Ain na final da Champions League Asiática de 2023/24 (Foto: Reprodução/The AFC Hub)Durante a primeira fase de construção, o Al-Ain tendia a avançar pelos lados e acabava “tombando” para o lado da bola. Por exemplo, quando a construção passava pela direita:
Em alguns momentos durante a temporada 2024/25, antes de sua demissão, o treinador argentino teve variações na construção. Às vezes, a equipe saía com três, principalmente quando já estava mais alto no campo, em segunda fase de construção.
Nesses cenários mais raros, um dos volantes se posicionava entre os zagueiros e o lateral-direito invertia, atuando como volante, criando uma saída em 3-2. Em outros momentos, o lateral subia uma linha a mais, formando uma espécie de 3-1-3-3. Assim, o time não dependia tanto de lateralizar para progredir.
De modo geral, os volantes do Al Ain tinham papel menos impactante na construção sob o comando de Crespo. O papel dos dois era mais tático e sem bola: desciam para ser opção de passe, mas dificilmente eram acionados — e, se isso acontecesse, não eram tão hábeis para girar nas costas do marcador. Seus movimentos se davam mais para puxar a marcação adversária e criar espaços nas costas.
Um centroavante completo e muito influente
Isso acontecia porque o centroavante da equipe, Soufiane Rahimi, era muito importante na construção do time. Era um centroavante completo: alvo de lançamentos da defesa, hábil para recuar e circular a bola e principalmente impactante ao atacar as costas da zaga adversária.
Quando pressionado, o Al-Ain não fazia questão de construir por baixo e pacientemente. Em vez disso, lançava para Rahimi buscando vencer a segunda bola e, com isso, avançar em velocidade contra uma defesa não plenamente organizada.
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— Al Ain FC (@alainfcae_en) May 25, 2024
Quando chegava à segunda fase de construção, como padrão, o lateral-esquerdo avançava para ser o responsável pela amplitude por aquele lado, enquanto o ponta caía pelo meio-espaço. O lateral-direito era, geralmente, mais contido nessa fase.
De modo geral, a equipe de Crespo tinha um padrão muito forte de construir pelos lados. O time buscava progredir rápido, e isso quase sempre acontecia com passes aos laterais, que então acionavam pontas que buscavam tabelas ou jogadas individuais, ou passes mais longos para o centroavante servir como pivô ao meia.
Rahimi foi o principal jogador do argentino durante a conquista da Champions Asiática e também foi o artilheiro da competição, com 13 gols — cinco a mais do que o vice, Aleksandar Mitrovic.
O que se manteve: pressão forte e intensa
O principal motivo de sucesso — e, depois, de críticas — ao trabalho de Crespo no Brasil foi seu forte sistema de pressão. O São Paulo foi campeão paulista com um time de perseguições individuais longas, ininterruptas e prioridade na pressão à bola enquanto fechava opções de passe.
Isso se manteve no Al-Ain. A pressão pós-perda era muito forte, e os jogadores buscavam cercar o adversário com a bola e suas opções de passe mais próximas.
Também não havia receio de desequilibrar o sistema defensivo durante a pressão: não parecia ter problema quando alguns jogadores desfaziam linhas de marcação ou até deixavam adversários livres para aumentar a pressão no portador da bola ou em alguém mais perto.
Isso é um claro exemplo do “cobertor curto” no futebol.
Ao fortalecer uma região, a equipe desprotegia outra. Em certos momentos, a pressão era bastante eficaz e gerava ataques rápidos e promissores, mas também havia situações em que o adversário conseguia sair da pressão e pegar o Al Ain desprevenido — o que aconteceu com alguma frequência no último jogo de Crespo, na goleada sofrida para o Al-Nassr.
Pressão do Al Ain contra o Al-Nassr, na Champions Asiática de 2024/25. Forte, mas deixa buracos (Foto: Reprodução/ The AFC Hub)Pressão é quebrada e Simakan avança sem marcação antes de dar a assistência ao primeiro gol do Al-Nassr (Foto: Reprodução/The AFC Hub)Para além da pressão, o Al Ain de Crespo era um time que, em organização defensiva, se postava em bloco alto, sempre com marcação individual. Os jogadores permaneciam grudados em seus opositores diretos, mas não era algo tão radical quanto se via no São Paulo em determinados momentos — quando, por exemplo, zagueiros acompanhavam os atacantes até a área adversária.
Como o São Paulo pode jogar com Crespo
Muitas dúvidas ainda pairam sobre o retorno do argentino com o Tricolor. Alguns dos principais jogadores estão machucados — e há alguns meses. Há muitas opções que podem ser utilizadas.
Luiz Gustavo, que poderia ser o principal volante do time, está fora por conta de doença pulmonar. Marcos Antonio, que seria uma opção, está machucado. A grande dupla de criação do meio, Lucas Moura e Oscar, também. Ferreirinha, que desencantou, é outro no departamento médico, assim como Calleri.
O São Paulo está repleto de remendos, uma situação que deixou a vida de Crespo complicada em sua primeira passagem. Foi justamente o número de lesões que o complicou — já não conseguia imprimir seu estilo de grande intensidade e acabou sem bons resultados.
Em sua volta, terá que lidar com isso novamente e saber administrar o que antes não conseguiu. Com o time atual, pode-se esperar que André Silva seja o centroavante completo e intenso para o argentino, Luciano pode se manter como camisa 10 com liberdade e Cédric e Enzo Díaz podem dar o contraste nas duas laterais.
Luciano pelo São Paulo (Foto: IconSport)Mas mesmo com o time completo, ainda há dúvidas. Um ataque com Calleri, Lucas, Oscar e Luciano consegue ser tão intenso para pressionar como os times de Crespo pedem? Entre as diversas opções, qual será a dupla de volantes mais equilibrada?
Caso o treinador se mantenha fiel ao que apresentou em seu último trabalho, um 4-2-3-1 do São Paulo não fugiria muito do que já era visto com Zubeldía. A mudança poderia ocorrer com:
Há também a possibilidade de Crespo voltar ao sistema com três zagueiros, isso pode levar a ainda mais opções, e depende de quanto repertório ele levará ao São Paulo. Com uma linha de três ele pode:
A volta de Crespo tem muito mais dúvidas do que respostas exatas. Isso se dá porque o argentino mudou em seus últimos trabalhos, mas também pelo fato de que o São Paulo se tornou uma grande incógnita no fim da era Zubeldía.
EtiquetasEspeciais São Paulo Guilherme Ramos10/07/2025 - 10:00 7 minutos de leitura WhatsApp Bluesky Threads Facebook Twitter Compartilhar via e-mailVisite Trivela para ler a matéria completa.Últimas Buscas
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(Hebreus 11:6)
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