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Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do PovoEm vigor nesta quartaTarifaço de Trump afeta a indústria da madeira Paraná e deixa setor em alerta vermelho"O setor madeireiro está exposto e não existe plano "b" para as indústrias.", afirma Paulo Pupo, diretor da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) (Foto: Rodrigo Félix Leal/Arquivo AEN-PR)

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A imposição de uma tarifa de 50% sobre uma série de produtos brasileiros pelo governo de Donald Trump levou o Brasil ao topo do ranking de países mais taxados para exportação ao mercado norte-americano. Entre os mais afetados pelo tarifaço está o estado do Paraná, cuja dependência do mercado dos EUA para produtos industrializados é significativa, especialmente no setor madeireiro. Somente este segmento representa 39% das exportações paranaenses para os Estados Unidos.

O setor industrial paranaense — em especial os produtores de molduras, compensados, serrados, portas e pisos de madeira — busca estratégias para mitigar os efeitos da medida, que passa a valer nesta quarta-feira (6). "O setor madeireiro está exposto e não existe plano 'b' para as indústrias. Os produtos fabricados são para atender a demanda norte-americana; fora os Estados Unidos não temos para quem direcionar essa produção, que é feita majoritariamente voltada à exportação", afirmou Paulo Pupo, diretor da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e coordenador do Conselho Temático de Negócios Internacionais da entidade.

Dependência comercial do setor madeireiro em relação aos EUA é a mais alta do Brasil. (Foto: Gelson Bampi/Arquivo Fiep)

Durante encontro virtual promovido pela Fiep na véspera de vigência do tarifaço de Trump (terça-feira, 5), especialistas alertaram para os impactos da nova política comercial norte-americana. Pupo lembrou que mais de 95% da produção das indústrias de molduras da Região Sul têm como destino o mercado norte-americano.

“É um setor que não tem mercado substituto viável. E isso coloca em risco milhares de empregos, especialmente em cidades menores, onde essas indústrias são o principal motor econômico”, ressaltou. Dados da Fiep apontam que o Paraná exportou, em 2024, US$ 1,58 bilhão para os Estados Unidos.

Desse total, US$ 614,6 milhões vieram do setor madeireiro. O complexo metalmecânico, que inclui pás carregadeiras e transformadores elétricos — fabricados por empresas com sede em Campo Largo, Mandaguari e outras cidades do interior do estado — aparece em seguida, com 25% das exportações. O restante se divide entre papel e celulose (3%), couro (3%), cerâmica (2%), móveis (1%), café (1%), sucos (1%), mel e carnes (menos de 1% cada).

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Para o setor madeireiro, as perspectivas são consideradas sombrias. Segundo levantamento apresentado por João Arthur Mohr, superintendente da Fiep, a dependência comercial do setor madeireiro em relação aos Estados Unidos é a mais alta do Brasil, à frente de todas as demais regiões. Apenas a cadeia de molduras responde por centenas de milhões de dólares em exportações.

"O tarifaço pode afetar mais de 38 mil empregos diretos no setor madeireiro paranaense, que estão distribuídos em 266 municípios. Em cidades como Bituruna, União da Vitória e Guarapuava, a atividade responde por mais de 30% dos postos formais da indústria de transformação", apontou Mohr.

Paulo Pupo também destacou a falta de diretrizes por parte do governo federal para lidar com o impacto no setor. “Nos encontramos com o governo federal e a impressão que tivemos é que ainda não há uma estratégia para atender o setor que exporta madeira. Uma das alternativas levantadas seria falar com os próprios clientes norte-americanos, que importam os produtos. Porém, os clientes podem não querer comprar essa briga, em função da diferença de tarifas em comparação com outros países”, afirmou.

O Brasil é o país mais penalizado pelas novas medidas tarifárias. Entre os grandes exportadores, Chile e Reino Unido seguem com tarifas de 10%, o que os torna muito mais competitivos frente ao Brasil. Até mesmo a China, que enfrenta tensões comerciais com os EUA, está com tarifa de 30% — vinte pontos percentuais a menos do que a brasileira.

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A Fiep elencou uma série de pleitos aos governos estadual e federal para tentar reduzir os impactos do tarifaço para o setor madeireiro. Entre eles, estão a liberação de créditos de ICMS, criação de linhas de crédito emergenciais, postergação de financiamentos já contratados, além de medidas específicas para empresas preponderantemente exportadoras.

Também foi sugerida a ampliação do Reintegra (programa de devolução de tributos), prorrogação de contratos de câmbio e incentivos ao reposicionamento em mercados alternativos. Apesar do cenário adverso, há setores que foram poupados das novas tarifas. Entre eles, o suco de laranja — cuja dependência dos EUA em relação ao Brasil é de 70% —, o papel e celulose e as aeronaves da Embraer. As exceções, no entanto, não amenizam o impacto geral sobre a balança comercial do estado.

Fiep debate, em live, reflexos do tarifaço na indústria paranaense (Foto: Reprodução/Gazeta do Povo)

A Fiep, por meio do seu Observatório da Indústria, criou uma ferramenta chamada "Pacto X", que cruza dados de exportações com dependência de mercado e impacto tarifário, ajudando a identificar onde é possível buscar alternativas. A ferramenta será oficialmente lançada na próxima semana. No entanto, segundo os especialistas da entidade, muitos produtos paranaenses têm sua produção quase que exclusivamente voltada ao mercado norte-americano — o que torna difícil uma reorientação rápida para outros destinos.

O setor empresarial espera uma ação mais efetiva do governo federal. A avaliação da Fiep é que, sem um movimento diplomático firme, técnico e contínuo, com interlocução direta junto ao governo dos Estados Unidos, as possibilidades de reversão da medida serão mínimas. “O momento é de urgência. Não podemos esperar passivamente por uma reviravolta. Cada semana de atraso significa mais empregos em risco e mais prejuízos para o setor produtivo do Paraná”, pontuou Pupo.

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