Museu Histórico e Pedagógico 'Gov. Pedro de Toledo' (II)

Museu Histórico e Pedagógico 'Gov. Pedro de Toledo' (II)

Dentro da perspectiva desenvolvida pelo Estado de São Paulo com a criação de uma série de Museus Históricos e Pedagógicos, Catanduva acabou sendo contemplada com a instalação de um museu desse porte.

Claro que essa instalação não surgiu da noite para o dia, sem a preocupação e o apelo de algumas pessoas que sempre se dedicaram à história de Catanduva e sua preservação.

Isso ficou expresso em alguns artigos publicados em jornais e revistas locais por pessoas que de fato gostavam e sentiam a necessidade de se instalar um museu desse nível aqui em Catanduva.

O professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli escrevera no final dos anos 60 uma série de artigos na revista “Feiticeira”, sobre a necessidade da instalação de um museu na cidade de Catanduva, bem como também o professor Paschoal Roberto Turatto, grande entusiasta e pesquisador de história regional, sempre publicava algo a respeito da necessidade da instalação de um museu na cidade.

Feitos os devidos apelos, Catanduva consegue a instalação de um MHP em seu território. Conforme jornal “A Cidade”, de 16 de maio de 1969, “Catanduva foi aquinhoada com o 52º Museu Histórico e Pedagógico do Estado de São Paulo, criado por ato do governador Abreu Sodré, atendendo a reivindicações do Secretário de Cultura, Esporte e Turismo, deputado Orlando Zancaner”.

Após a divulgação, o professor Vinício Stein de Campos, diretor dos museus históricos e pedagógicos do Estado de São Paulo, ministrou um Curso de Museologia na FAFICA – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Catanduva – revelando que a temática principal do museu de Catanduva seria a Revolução Constitucionalista de 1932, já que da cidade tinha saído muitos voluntários para os combates. O nome escolhido foi o de Museu Histórico e Pedagógico “Governador Pedro de Toledo”.

Esse ato mostra mais uma vez a estratégia do governo do Estado de São Paulo com as criações dos museus históricos e pedagógicos em expandir uma mentalidade sobre a história do Estado de São Paulo, aliada à história municipal de cada localidade onde seriam instalados os respectivos museus.

Primeiros passos

Criado pelo Decreto Estadual Nº 51.782, de 07 de maio de 1969, o Museu Histórico e Pedagógico “Governador Pedro de Toledo” passou a funcionar no pavimento superior da Sociedade Ítalo Brasileira de Catanduva, situada na rua Alagoas Nº 32, sob a direção da professora Geldes Maria Campos Placo Gomieri.

O museu recebeu muita doação dos catanduvenses, já começando com muitos jornais, fotos, revistas, utensílios diversos, moedas, armas da Revolução de 1932. Inclusive o próprio professor Stein, grande admirador da Revolução Constitucionalista, doou muito material a respeito do assunto, como peças, livros e outras publicações que enriqueceram ainda mais o museu, que se tornavam um dos mais completos sobre o assunto.

Vale lembrar que dentro da política estadual de museus, os MHP eram instituições estatais, mas que deveria receber da municipalidade um local adequado para funcionar.

Um dos granes problemas enfrentado pelo museu ao longo do tempo foram as mudanças de suas instalações.

Depois de ser instalado na Sociedade Ítalo Brasileira, deslocou em prédio na esquina das ruas Pará e Alagoas, por ocasião do carnaval que aconteceria no prédio da sociedade italiana, retornando no final das festividades.

Pouco tempo depois, foi transferido para o último andar da Prefeitura Municipal de Catanduva, que funcionava no prédio onde hoje está instalada a FATEC.

Em 1982, o então prefeito municipal, Dr. Warley Agudo Romão, decidiu construiu um espaço bem confortável para a instalação do museu, prédio que hoje abriga a Biblioteca Municipal e o Museu Municipal de Catanduva, bem espaçoso e próprio para o funcionamento de um museu. Porém, estando tudo pronto para a inauguração que seria realizada no dia 25 do mês de janeiro de 1983, uma grande enchente, ocorrida nos dias 12 e 13 de janeiro, tomou o local, atingindo o museu em cheio e danificando algumas peças que já estavam no local devido à sua inauguração.

Após esse ocorrido, o museu funcionou em um prédio na Praça da Independência, voltou para a Sociedade Ítalo Brasileira de Catanduva e no início dos anos 90 funcionava em um prédio da Fundação Padre Albino, localizado na rua Monte Aprazível Nº 297.

Em 1997, foi tomada a decisão de fazer o museu voltar a ocupar o prédio onde a enchente tinha destruído grande parte de seu acervo, ou seja, no prédio do MIS – Museu da Imagem e Som, na avenida São Domingos Nº 800.

A partir da Lei Nº 4.549, de 25 de abril de 2008, durante a gestão do prefeito Afonso Macchione Neto, foi criado e instalado o Museu Municipal de Catanduva, junto à Coordenadoria Municipal de Cultura, integrando o Museu Municipal, Museu da Imagem e do Som, Museu de História Natural, Museus do Imigrante e Museu do Disco e Museu Histórico Pedagógico “Governador Pedro de Toledo”.

Importância

O Museu Histórico e Pedagógico “Governador Pedro de Toledo” foi um órgão muito importante para a cidade de Catanduva.

Graças aos seus diretores e funcionários, e mesmo com todas as dificuldades que enfrentou ao longo do tempo, foi preservada a memória da Revolução Constitucionalista de 1932, tanto em âmbito estadual como municipal.

O museu ainda organizou muitas exposições, palestras e concursos, proporcionando, também, grande acervo de pesquisa para inúmeros pesquisadores de Catanduva e região.

Durante muito tempo foi o responsável pelas festividades de 09 de julho e Semana “Monsenhor Albino”, além de ser lá, durante a direção do professor Brasil Procópio de Oliveira, que surgiu o núcleo local do MMDC.

Em 2002, a Câmara e a Prefeitura Municipal de Catanduva, através da Lei Nº 3.763 de 14 de março de 2002, fizeram a doação de 115 itens ligados ao patrono que dá nome ao Museu “Padre Albino”.

Quem foi Pedro de Toledo?

Pedro Manuel de Toledo nasceu em São Paulo, em 29 de junho de 1860, filho de uma família de enorme tradição política.

Durante sua vida, foi advogado, diplomata e político brasileiro, sendo o quarto interventor federal a ocupar o governo do Estado de São Paulo.

Formado na Faculdade de Direito do Recife, no ano de 1884, foi procurador fiscal da Tesouraria Provincial de São Paulo em 1885 e, depois, delegado e chefe de polícia interino do mesmo Estado, além de desempenhar o papel de comandante interino da Guarda Nacional, no ano de 1893.

No campo da política, foi deputado estadual entre 1895 e 1910, e também um dos fundadores da Academia Paulista de Letras, titular da cadeira Nº 39.

Em âmbito federal, durante o governo de Hermes da Fonseca, ocupou os ministérios da Agricultura (1910/1913) e da Viação e Obras Públicas (1912).

Pedro também foi embaixador do Brasil na Itália e na Argentina, e pouco depois de voltar ao Brasil é nomeado interventor federal em São Paulo, no ano de 1932, cargo que ocupou de 07 de março a 10 de julho de 1932, quando foi nomeado, por aclamação, governador do Estado de São Paulo, época em que o Estado participava da Revolução Constitucionalista de 1932.

Com a derrota de São Paulo, Pedro de Toledo foi deposto, preso e exilado em Portugal, retornando para o Brasil somente em julho de 1934, com a promulgação da nova Constituição.

Morreu no Rio de Janeiro, no ano de 1934, e em 1974, seus restos mortais foi transladado para o Monumento Mausoléu do Soldado Constitucionalista no Parque Ibirapuera, em São Paulo.

Fontes:

 - Jornal “A Cidade”, de 16 de maio de 1969.

 - Boletim “Só 10”, Nº 07, de julho de 2006.

 - Material pesquisado no acervo do Centro Cultural e Histórico Padre Albino

 

Foto: Muitos catanduvenses já vinham apelando para a instalação de um museu histórico em Catanduva, no decorrer dos anos 50 e 60. A vinda do museu foi atendida a partir de reivindicações do Secretário de Cultura, Esporte e Turismo, deputado Orlando Zancaner, que nesta foto se encontra discursando na tribuna da Câmara Municipal de Catanduva, quando esta ainda funcionava em uma sala de Fórum de Catanduva

Autor

Thiago Baccanelli Professor de História e colunista de O Regional.Visite O Regional para ler a matéria completa.
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