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Primeira neve do ano em Santa Catarina foi mais intensa que a de 2024, afirmam especialistas

Primeiro episódio de neve em Santa Catarina acumulou até 2 cm nesta quinta (29) e marcou uma das tardes mais frias em décadas

Primeira ocorrência de neve em SC de 2025 foi mais intensa que a do último ano – Foto: Divulgação/Sérgio Felipe Rodrigues

A tão esperada neve em SC foi registrada na manhã desta quinta-feira (29) e transformou a paisagem da Serra Catarinense.

Quatro cidades do Estado — São Joaquim, Urupema, Urubici e Bom Jardim da Serra — amanheceram cobertas por uma fina camada branca, provocada pela primeira ocorrência do fenômeno em 2025.

Segundo o meteorologista Piter Scheuer, embora tenha nevado nas mesmas localidades, este ano, o volume foi superior a 2024. “[Em 2024] até nevou nessas localidades, só que foi com pouca intensidade”, pontua. Neste ano, porém, a neve veio com mais força. “Este ano foi bem significativo o volume da neve. Chegou a 1 ou 2 centímetros acumulados”, afirma Scheuer.

Neve atingiu região serrana na manhã desta quinta-feira (29) – Foto: Divulgação/Sérgio Felipe Rodrigues

Neve em SC atinge cidades acima de 400 metros

O engenheiro-agrônomo Ronaldo Coutinho, da Climaterra, aponta que o maior acúmulo de neve em SC foi registrado na Serra do Rio do Rastro, em Bom Jardim da Serra, devido à altitude superior a 1.400 metros.

As cidades de São Joaquim, Urupema e Urubici também registraram o fenômeno por estarem em grandes altitudes. “Principalmente entre São Joaquim, Bom Jardim da Serra e Urubici, que ficam acima de 400 metros”, explica.

Coutinho relembra que a neve em SC no mês de maio, antes mesmo do inverno, não é incomum. Em 2022, por exemplo, o fenômeno foi mais intenso que o deste ano. “Não é frequente, mas não é raro nevar em maio. A de maio de 2022 foi bem mais forte que essa”, relata.

Neve na Serra do Rio do Rastro – Foto: Divulgação/Sérgio Felipe Rodrigues

Ainda vai ter neve em SC nos próximos?

Conforme o meteorologista Piter Scheuer, apesar das temperaturas continuarem baixas nos próximos dias, não há mais condições para novas ocorrências de neve em SC. “Não há mais condições para nevar”, reforça o meteorologista.

Ronaldo Coutinho ainda destacou outro fato marcante: a tarde desta quinta-feira (29) foi a terceira mais fria já registrada em um mês de maio na Serra Catarinense. “Em 71 anos, a máxima do dia foi 3,9°C e a tarde foi 2,6°C. Na Climaterra, também foi a tarde mais fria já registrada, com 3,1°C”, afirma.

Segundo o engenheiro-agrônomo da Climaterra, desde 1979 não havia um registro tão gelado. “Então, de 1955 até hoje, na estação de São Joaquim, só tivemos três tardes frias assim: 1979, 1962 e hoje”, completa.

Ciclone extratropical impulsionou a neve no Planalto Norte em 2013 – Foto: Divulgação/ND

Há 10 anos, SC registrava a mais ampla ocorrência de neve

Entre os dias 22 e 25 de julho de 2013, ocorreu o episódio de neve em SC mais amplo já registrado pela Epagri/Ciram, atingindo 126 municípios, incluindo regiões onde o fenômeno é raro, como o Litoral Sul, a Grande Florianópolis e o Vale do Itajaí. Na Grande Florianópolis, foi a primeira vez que se registrou neve oficialmente.

O evento também afetou outros estados do Sul do Brasil e países vizinhos, causando prejuízos significativos, especialmente no Planalto Norte, onde houve acúmulo de neve e chuva congelada. A disponibilidade de câmeras digitais e a rápida divulgação de imagens na internet facilitaram o registro do fenômeno, embora não se possa afirmar que não tenham ocorrido eventos similares no passado.

A neve foi causada por um ciclone extratropical próximo à costa, associado a um sistema frontal e a um anticiclone intenso, que provocou o fenômeno da friagem, levando ar frio até o norte do país. Esse padrão atmosférico é considerado clássico para a ocorrência de neve e sua ampla abrangência se deve à intensidade dos sistemas meteorológicos envolvidos, bem como à posição do ciclone extratropical.

Episódios de neve são mais comuns em regiões de latitudes médias e altas, mas no Brasil ocorrem principalmente no Sul e em partes do Sudeste, especialmente em Santa Catarina, devido à sua localização em zona temperada e relevo acidentado, com altitudes que ultrapassam 1.000 metros no Planalto.

As nevadas são mais frequentes no inverno (julho e agosto), sendo o Planalto Sul a região com mais registros, como em São Joaquim e Urupema. A Epagri/Ciram monitora o fenômeno desde os anos 1990, diferenciando nevadas brasileiras das nevascas típicas de países mais frios.

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