Crítica: 'Para não morrer' - Jornal O Globo
“Não há, em Homero, descrição da imortalidade, da vida depois da morte, porque os seres humanos são, irremediavelmente, os mortais. A única coisa a fazer, então, não é esperar uma vida depois da morte, mas sim tentar manter viva, para os vivos e através da palavra viva do poeta, a lembrança dos mortos, nossos antepassados outrora vivos e sofredores como nós. Essa é a função secreta, mas central, de Ulisses, do poeta, daquele que sabe lembrar, para os vivos, os mortos.”
Após essa bela definição do poeta como aquele que sabe lembrar — na mitologia grega, Mnemosyne, a Memória, era a mãe das nove Musas — e, por extensão, da poesia como arte de rememorar ou “co-memorar” os mortos (no sentido de “lembrar junto”), a professora Jeanne Marie Gagnebin vai além. Em capítulo posterior de “Lembrar escrever esquecer”, um dos mais belos livros de filosofia já escritos no Brasil, ela ensina que, em
Como fazer
Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas.
(Salmos 34:19)
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