De Lisboa a Madrid, vão (ou iam?) dez horas de preconceitos – Observador
A epopeia demorava nove ou dez horas, por vezes muitas mais. O meu pai, que apesar de ter bigode era o único 100% espanhol da família, parava frequentemente em bares de estrada triados ao longo dos anos, e que nós conhecíamos de ginjeira. Se o engarrafamento à saída de Madrid fosse longo, a primeira interrupção era Navalcarnero ou Talavera de la Reina. Depois, era raro falharmos o bocadillo num boteco debruçado sobre o Tejo, no topo de uma falésia. Segundo a lenda familiar, o meu pai teria mergulhado no rio, uma única vez, num dia particularmente tórrido; mas eu não me lembrava do episódio ou, se calhar, não era do meu tempo, e pedia sempre para irmos nadar. Nunca fomos.
Esta etapa no Tejo ainda é uma das mais bonitas do caminho, pois atravessa o Parque Nacional de Monfragüe, na província de Cáceres – a massa de água a esgueirar-se nos desfiladeiros, águias e abutres pairando sobre montanhas e montados. A antiga estrada transpõe também o Guadiana em Mérida
Como fazer
Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas.
(Salmos 34:19)
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