Há muitos anos, numa entrevista por ocasião de uma novela que iria estrear, Manoel Carlos me disse que suas histórias retratavam mais do que os fatos prosaicos do cotidiano. Ele buscava provocar um desconforto. Esse sentimento brotava da identificação do público com algum comportamento que fugia ao “normal”, mas que era comum nas melhores famílias. Assim, um personagem tratava mal os mais velhos, uma moça mimada desafiava a autoridade paterna, uma avó era cruel etc. Maneco sabe combinar esse realismo stricto sensu com a dose de edulcoramento que as novelas exigem. Ele sempre misturou a abordagem desses conflitos espinhosos ao Leblon idílico e às mesas de café da manhã fartas. É um mestre. Com “Por amor” não foi diferente. A produção de 1997 voltou ao ar esta semana fazendo subir ainda mais os índices da faixa, o Vale a Pena Ver de Novo, que já iam bem com “Cordel encantado”. Com todos os motivos.