Fim de tarde, João chega do futebol. Mal a mãe abre a porta da casa, ele passa como um foguete para o quarto, quase derrubando a mesinha de apoio ao lado do sofá no caminho, o rosto vermelho. Ela vai até lá ver o que aconteceu e encontra o menino encolhido sobre a cama, um pequeno monte embrulhado no cobertor. Ele até tenta falar, mas não consegue, pois um soluço embaraça as palavras. Está consumido pelo choro, que já lhe inchara os olhos e agora colore as bochechas, normalmente rosadas, de um tom quase roxo.
Depois de alguns instantes, finalmente consegue explicar a razão do seu sofrimento. Antes de ser – o último – selecionado para um dos times no jogo, fora alvo de chacota dos amigos, que o chamaram de “perna de pau”. Durante a partida, ninguém lhe passava a bola e, nas poucas vezes que chegou a participar de algum lance, errou e foi criticado, inclusive por membros da equipe. Saiu de lá se sentindo um derrotado, um peso para os colegas. Um inútil.
A mãe s