Os instrumentos começam a ser afinados depois das 20h. Uma batidinha aqui, uma cornetada ali. Logo se percebe o vaivém e o pisca-pisca de luzes em janelas e sacadas dos edifícios. Entre as 20h20 e 20h30, o alarido atinge o ápice: em uma espécie de catarse coletiva, as pessoas dão vazão aos sentimentos reprimidos durante o período de confinamento imposto pela necessidade de conter a disseminação do novo coronavírus.
Em meio à parafernália de panelas, buzinas, apitos e vuvuzelas, gritos expressam a polarização. De um lado —diga-se, bem mais sonoro—, "Fora, Bolsonaro genocida", "Bolsonaro vai cair", "Fora, atleta da morte" e "Bolsonaro irresponsável".
Do outro, "Mito", "Vai pra Venezuela", "Vai pra Cuba", "Vai trabalhar, vagabundo". Não para por aí. Brados em quantidade menor, embora mais radicais, exaltam a intervenção militar e a volta do AI-5, acompanhados de frases contra minorias.
Está aberta a nova temporada do panelaço.
Enclausurado por causa de medidas restritivas de combate