Angela subiu os 12 degraus do trampolim de três metros e olhou para baixo. Com medo, recuou, voltou à beirada, deu outro passo atrás. Lá embaixo, seus colegas riam, alguns começaram a gritar. Quando o sinal anunciou o final da aula, a menina tomou fôlego e saltou. Foi a única da classe a mergulhar de cabeça.
Aos dez anos de idade, Angela ainda não era Merkel, mas revelava traços da personalidade que a transformaram numa das líderes mais importantes do mundo, décadas depois. Pragmática, não age por impulso. Seu método de decisão inspirou o verbo “zu merkeln”, palavra alemã do ano em 2015; significado: “adotar o mais alto grau de passividade”.
Para Merkel, porém, hesitação é uma virtude e analisar todos os ângulos um sinal de força, segundo o cientista político Matthew Qvortrup, autor de uma das várias biografias da chanceler da Alemanha. Quando decide, mergulha de cabeça e pode ser surpreendente e implacável.
Foi agindo sem remorsos contra ex-mentores que