Enganchado em dois cabos de aço, o agricultor José Carlos de Jesus, 40, leva pouco mais de um minuto para escalar os 15 metros do dendezeiro. Lá de cima, saca o facão e vai aparando as folhas até chegar ao cacho maduro do fruto, que despenca lá do alto gerando um baque surdo ao atingir o chão.
Os cachos seguem para a fábrica, onde o dendê é debulhado, cozido, macerado e refinado até virar o óleo de palma, na Bahia chamado azeite de dendê. Precioso para os baianos, sagrado para o candomblé, o óleo alaranjado é usado nos tachos de acarajé e em pratos como caruru e vatapá.
Mesmo sendo elemento central na culinária baiana, a cultura do dendê vive uma crise histórica na Bahia que eclodiu com mais força na atual entressafra, quando os preços do dendê dispararam —o galão do azeite de 16 litros ficou 130% mais caro, saltando de R$ 65 em fevereiro para R$ 150 em agosto.
“A realidade é que produzimos dendê na Bahia da mesma forma que há 200, 300 anos. É uma cadeia m