Prestes a completar 78 anos, Pepetela acompanha de sua casa, de frente para a baía de Luanda, as notícias que afligem o meio cultural do lado de cá do Atlântico.
O escritor angolano, que vem ao Brasil há mais de 40 anos e tem amigos em várias cidades, tenta não superestimar as notícias sobre censura oficial e corte no financiamento a projetos.
“O Brasil tem uma tradição cultural tamanha que não há problema em continuar a desenvolver-se tranquilamente. É impossível calar os criadores neste momento”, disse à Folha, em voz pausada e tão baixa que às vezes se confunde com um murmúrio.
Nome de guerra de Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, que usa desde sua participação na guerrilha marxista durante a luta pela independência angolana de Portugal, nos anos 1970, Pepetela está lançando no Brasil “O Quase Fim do Mundo”.
O romance, lançado originalmente em 2008, trata de uma comunidade que sobrevive a um evento apocalíptico. Pepetela escolheu como cenário a