À sua frente, 14 pombas ciscam no que sobrou do café da manhã/almoço/única refeição do dia. Arroz com feijão. Às suas costas, o Portão 9. Depois dele, cerca de 20 metros de arquibancada, a pista e, então, as duas enormes tendas do Hospital de Campanha do Pacaembu, em São Paulo.
Àquela altura, na penúltima semana de junho, menos de 20 pacientes estavam internados na estrutura pública administrada pelo Hospital Israelita Albert Einstein. A capacidade era para 200. Em meados de maio, eram 167 internados.
Deitado em seu colchão, caprichosamente colocado dia após dia nos últimos oito anos no Portão 9, Adalberto Ferreira, 56, dorme tranquilo. Sem máscara, tosse para cima e se revira no leito. As pombas e os carros que passam pela rua Itápolis não o incomodam. Poucas pessoas a pé. Passos o despertam em um segundo.
Dali, enquanto tenta se proteger do frio, da chuva, do calor do sol, da rara curiosidade alheia, o homem acompanhou a pandemia do novo coronavírus se espalhar pel