A fome está na foto de pessoas catando ossos em uma caçamba e na estatística: não era tanta pelo menos desde 2004. No entanto, a produção da agropecuária aumentou praticamente sem parar desde então. O produto das lavouras e da pecuária cresceu mais do que a população; há mais matéria-prima de comida por cabeça ou boca, mesmo se descontada a quantidade destinada a exportações.
No caso de alguns produtos, a quantidade disponível por brasileiro é ao menos a mesma registrada em torno de 2013, período de fome mínima.
Esse paradoxo parece fácil de explicar, ao menos no que diz respeito a quantidades. Desde 2014, a pobreza aumenta. Há quem argumente que, ainda que a conjuntura dura pese muito, o predomínio econômico e político do agronegócio sustenta a estrutura que causa também a fome.
A contraposição simples entre agronegócio e agricultura familiar, porém, não ajuda a pensar o problema, porque existem variantes sob cada um desses rótulos. Por falar em mitos, a