Há poucos anos perdi uma amiga para o câncer. Quando soube da notícia, levantei da minha mesa de trabalho, peguei minha bolsa e me dirigi ao velório. No caminho, recebo uma ligação do diretor da empresa onde trabalhava. Ele questionava minha ausência e a necessidade da minha ida ao cemitério.
Eu tinha acabado de perder uma amiga, estava devastada pela tristeza e me defrontei com um filho da puta, insensível, que acreditava que eu não precisava de um tempo para me despedir de uma pessoa amada. Não conseguia entender a simples necessidade de alguém de se sentir miserável e de sofrer em paz.
Não sei quando foi que as coisas tomaram esse rumo, mas o pior é que nos convencemos de que perda, morte, fim de relacionamentos, decepções, frustrações, e até mesmo doenças são problemas menores que precisam ser enfrentados com a praticidade com a qual resolvemos nossa vida doméstica. Coloca tudo em débito automático e não se preocupe mais com nada.
Não vivemos mais nossas dor