Depois da saída de Ernesto Araújo, o Ministério das Relações Exteriores trocou o delírio reacionário do seu bisonho titular por uma discreta tentativa de regresso à tradição da diplomacia brasileira.
Sumiram as falas apocalípticas contra o “globalismo”, o “ambientalismo” e o “marxismo cultural”; jovens quadros foram dispensados da desonrosa incumbência de censurar a palavra “gênero” nos documentos do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Cessaram as louvações a Donald Trump e a afronta ao sucessor democrata Joe Biden, cuja vitória o Brasil foi um dos últimos países a reconhecer —uma grosseria que o barão do Rio Branco jamais poderia imaginar que a sua casa viesse a cometer.
Tratou-se, enfim, de restabelecer a normalidade possível na atividade cotidiana de nossa experiente diplomacia, formada na aspiração de fazer da ação exterior uma política de Estado, a salvo do vaivém dos governos.
O esforço de recuperação dos cânones cl