Poucos dias antes do propalado 7 de Setembro, comecei a reler, ao mesmo tempo e ao léu, três livros de Joel Silveira (1918-2007): "Na Fogueira", "A Feijoada que Derrubou o Governo" e "A Milésima Segunda Noite da Avenida Paulista". O primeiro, um livro de memórias, e os dois outros, coletâneas de textos publicados originalmente na imprensa.
Como está atual, up-to-date, o velho Joel, o repórter-víbora, segundo Assis Chateaubriand. O Brasil de suas memoráveis reportagens e crônicas é praticamente o mesmo Brasil do Twitter. Na essência, na alma, porque o elenco piorou um bocado.
Por exemplo: a cena do jantar dos homens brancos e ricos que riem à toa, na casa do empresário Naji Nahas, poderia muito bem se encaixar na reportagem "Grã-finos em São Paulo", de 1943.
Enquanto os presos políticos abarrotavam os porões do Estado Novo e a censura comia solta, "o milionário Lafer, o milionário Pignatari, o milionário Matarazzo, o milionário Crespi" bebiam uísque e jogavam cartas no salão