“Uma espécie de desespero diante desse ódio, dessas injúrias, dessas ameaças, dessas calúnias que sobem ao céu como um holocausto impuro...”
São palavras de Aurore Dupin, mais conhecida como George Sand. Era uma romancista francesa que usava nome de homem, que se vestia como homem, para poder se impor no meio literário de seu tempo. Escreveu-as em 1848, quando os socialistas foram perseguidos e assassinados na França. Ela própria se viu obrigada a fugir para um fim de mundo chamado Nohan, porque em Paris seria presa.
O trecho que citei está na introdução de um romance idílico: “A Pequena Fadette”. George Sand sentiu-se obrigada a justificar o fato de não tratar de política nessa obra criada em meio à angústia coletiva. Buscou refugiar-se num “bem fugitivo”, num “alívio passageiro”.
Porque ninguém aguenta um pesadelo contínuo, ali, todos os dias, nutrido pelas notícias alucinadas e perversas.
Minha “Pequena Fadette” destes últimos dias foi a descob