Perdi a conta de quantas viagens fiz ao rio Negro; mais de cem, talvez. Há 20 anos escrevi: “Se me fosse dado o privilégio da derradeira viagem, iria ao rio Negro mais uma vez”.
No mês passado, voltei ao Alto Rio Negro para gravar um documentário em São Gabriel da Cachoeira, a última das cidades na direção da Colômbia e da Venezuela.
São Gabriel já existia como aldeia indígena, quando os primeiros invasores brancos chegaram à região. Hoje, com cerca de 40 mil habitantes espalhados pelo município, metade dos quais no espaço urbano, é a segunda maior cidade do rio Negro —perde apenas para Manaus, situada a 1.100 quilômetros.
A paisagem é de tirar o fôlego. Já passei horas encantado pela visão da serra do Curicuriari, ao longe, e das águas que correm ruidosas formando rodamoinhos entre as pedras, em oposição ao comportamento plácido que exibem rio abaixo, quando o vento as deixa em paz.
De costas para o rio, você verá a torre branca de bordas azuis de uma das