O caminho até o Frank Bar podia ser intimidante. O gigantesco pé direito do Maksoud Plaza parecia nos lembrar, por um segundo, de nossa insignificância na Terra. Nos 20 metros entre a entrada do hotel e o primeiro gole, elevadores panorâmicos subiam e desciam como num cenário de "Blade Runner".
Quem ficasse boquiaberto olhando para os jardins suspensos, que brotavam numa sucessão vertiginosa, poderia esbarrar na cauda do piano que pousava no lobby, a serviço de bons grupos de jazz e bossa nova. Ou tropeçar nos três degraus que levavam ao balcão. Lá, Spencer Amereno Jr. e seu excelente time preparavam a alquimia.
A transição de ambientes, do babilônico ao intimista, do monumental ao aconchegante, se dava assim, de repente. A luz que recebia hóspedes como Catherine Deneuve e Rolling Stones baixava de tom e o universo se invertia —passava a caber em algumas poltronas e mesas, um aleph etílico.