Semanas atrás, as livrarias brasileiras receberam a primeira tradução em português de um livro que mereceria ser mais conhecido pelos que se interessam por Marx e pelo pensamento do século 19. Trata-se de sua tese de doutorado, "Diferença Entre a Filosofia da Natureza de Demócrito e a de Epicuro" (editora Boitempo, 152 págs.).
A princípio, pode parecer que estamos diante de uma clássica tese de historiografia filosófica. No entanto, ela é uma chave importante para compreender o sentido de todo pensamento que se queira efetivamente materialista e transformador.
De fato, Marx compreende o materialismo —e seu desencantamento em relação à metafísica e à religião— como o grande saldo do iluminismo. Ele aparece, ao mesmo tempo, como uma crítica da razão e uma abertura à crítica social por meio do questionamento dos poderes da religião e do Estado, liberando-nos de uma metafísica que desconsideraria a força da experiência.
Mas de qual materialismo estamos falando? O