Em ocasiões comemorativas, os familiares já sabiam que deviam esperar a chegada pelo correio de uma carta de Carminha. A prática começou com os filhos, logo se estendeu às noras e aos netos e bisnetos.
Com a caligrafia vaidosa de quem foi professora do primário, tecia elogios ao destinatário, dava conselhos de vida e recheava com orações e passagens religiosas.
Nascida em Ibimirim, no interior de Pernambuco (a 335 km de Recife), na adolescência Carminha trabalhou em um armazém por onde passavam pessoas vindas de diferentes lugares do estado. Acordava cedo e ia recebê-los com sua curiosidade: sempre perguntava para essas pessoas como era o lugar de onde elas vinham e como elas viviam.
"Sabe aquela coisa que você nasce em um lugar e sente que não pertence àquele lugar? Sente que pertence a um lugar maior? Ela sempre foi assim", conta Manoel Fernandes, seu filho.
Foi ali perto que conheceu o homem que viria a ser seu marido, em 1959, durante a construção do açude que até hoje