Da janela de casa, na descida da Ladeira da Misericórdia, Araildes Lopes Botelho, 95, observa uma Olinda em completo silêncio. Ela, que cresceu com o barulho bom do Carnaval, diz que nunca pensou em vivenciar este momento na vida.
A primeira lembrança é de quando tinha oito anos. “Eu vi o Homem da Meia-Noite pela primeira vez”, diz. “Vamos fazer esse silêncio agora para a festa ser dobrada em 2022.”
Perto dali, o bonequeiro Carlos da Burra, que carrega nos ombros a maior entidade do Carnaval pernambucano, o Homem da Meia-Noite, está na contagem regressiva.
“A tristeza é do tamanho dele, gigantesca, mas estamos salvando vidas. No próximo ano, vamos comemorar os 90 anos. Vai ser a festa mais bonita de todas”, emociona-se.
Em Olinda, os músicos vivem um luto momentâneo. Luiz Carlos Vieira da Silva, o Lulinha da Tuba, da tradicional escola de frevo Grêmio Henrique Dias, diz que sente vontade de chorar. “Dói muito. A falta é muito grande, mas vamos passar por isso e v