Nenhuma criança nascida nos últimos cinco anos no território Krenak, em Minas Gerais, pôde passar pelo ritual de ser mergulhada nas águas do Watu, por volta do primeiro mês de vida, para garantir imunidade, seguindo a tradição do seu povo. Watu é como os Krenak se referem ao rio Doce, atingido pelo rompimento de uma barragem de rejeitos da Samarco em 2015, com um saldo de 19 mortos.
Para os Krenak, o rio é um ancestral, um avô, em um sentido que vai além da concepção familiar, porque ele é parente de todos, explica o escritor e ativista Ailton Krenak. Desde o rompimento, os rituais no Watu pararam, uma cerca passou a separar o rio da aldeia e a água usada é fornecida por caminhões pipa.
Segundo a Fundação Renova, criada para ações de reparação, em Resplendor (MG), onde está o território Krenak, 600 pessoas são abastecidas com água mineral –ao todo, 1.587 titulares de comunidades indígenas estão no escopo de atuação da entidade. O rompimento provocou dano