Sempre que entrava em seu set, o ajudante de pedreiro Manoel Loreno se transformava. O baixinho de origem humilde e muitas vezes tímido dava espaço para heróis do velho oeste.
Apaixonado por cinema, seu Manoelzinho —como era conhecido em Mantenópolis, no Espírito Santo— passou a criar seus filmes tendo como inspiração antigas produções americanas. O município, para o qual migrou com a família mineira ainda na infância, se tornaria o seu velho oeste.
Com poucos recursos, tinha como trunfo a criatividade, que resultou em mais de 20 filmes. Os amigos viravam atores e figurantes, e ele não abria mão de ser o protagonista. A maioria das gravações foi feita em VHS, cheias de improviso. Para a música de fundo, alguém ligava o rádio durante as cenas. Os cortes eram secos, e as produções não demoravam mais do que dois dias.
O gosto surgiu tempos antes: na infância, sem dinheiro para ir ao cinema, entregava cartazes em troca de bilhetes.
Analfabeto, o cineasta amad