Sentada em um degrau em frente à Igreja de Nossa Senhora e São Benedito, construída há 294 anos, em Paraty, a índia pataxó Tamikuã, 51, mostrava a arte de seu povo aos turistas de diferentes sotaques que se interessavam pelos cocares (R$ 250) e colares (a partir de R$ 30).
O sotaque também era diferente: Tamikuã vem do sul da Bahia, da aldeia de Barra Velha –na região onde fica o monte Pascoal. Para chegar, pegou carona com Kayrra, 44, cacique dos kariri xocó, que vivem às margens do rio São Francisco, em Alagoas.
"Vim menos para vender nosso artesanato e mais para mostrar a cultura do nosso povo, mostrar que estamos vivos, que nossa língua existe", diz ela, cocar verde e azul na cabeça (penas de papagaio e arara), pintada de vermelho (urucum) e preto (jenipapo) –motivos mais comportados, diz ela, porque é casada; as solteiras ousam mais.
Tamikuã está hospedada com os pataxós do Rio de Janeiro. Há dois dias, estava em uma aldeia guarani em Ubatuba. Numa espé