Crônica para o meu pai
Hoje acordei pensando em meu pai, que completaria 79 anos neste domingo. Vasculhando meus arquivos, encontrei esta crônica que fiz em homenagem a ele 15 anos atrás. De lá para cá, muitas coisas mudaram, mas permanecem iguais o amor e admiração que eu sinto por Paulo Lourenço, agora acrescidos da saudade.
Foi num domingo que ele nos deixou. ******
Quase todos os dias, o telefone toca por volta das sete e meia da manhã. É o momento em que estou adoçando o café instantâneo ou enrolando na cama antes de me levantar. Mais ou menos ao terceiro toque, atendo. Sei que é ele:
— Alô, Paulão!
Só o meu pai me chama de Paulão. O que, afinal de contas, é um contrassenso, já que ele também se chama Paulo e, por mais velho, lhe caberia o aumentativo.
Meu pai diz que não dá bola para o Dia dos Pais. Com seu antigo cacoete esquerdista, afirma que a data não passa de uma invenção da sociedade de consumo. Nem quer receber presente:
— Se for pra dar presente, e
Como fazer