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Na última segunda-feira de julho, em meio ao fogo cruzado de declarações estapafúrdias e ataques à ciência pelo presidente da República, quase ficou em segundo plano o massacre no Centro de Recuperação Regional de Altamira, que deixou 62 mortos e consagrou definitivamente a escalada da violência no município paraense nesta última década.
Um componente negligenciado, ainda que profetizado há décadas, elucida parte importante da origem desta história que vai além de mais um capítulo da briga por hegemonia entre facções criminosas no norte do país, mas é também uma severa consequência do modo como se materializa o desenvolvimento no Brasil profundo. Boa parte do combustível para o motim veio da obra que já está no rol dos grandes atentados à economia e ao patrimônio ambiental, social e cultural do país: a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.