Aproveite esta pequena e deliciosa crônica, de nosso colaborador do norte de Minas, José Janser, e faça uma longa e não menos saborosa viagem imaginária pelo interior do Brasil.
Por: José Janser*
A VENDA
Na venda de seu Mundé as pessoas se reuniam em torno das coisas, coisas estas materiais e imaginárias! As coisas materiais eram poucas e cabiam nos dedos da mão; um balcão, um baleiro, poucos copos, uns litros de pinga e seu Mundé. O caixa era feito no bolso de sua calça listrada de tergal. Havia tira gosto, mas trazido pelos clientes: se vinha de fora, não era material de seu Mundé. As coisas imaginárias voavam livremente pelo ar, enchiam o vazio do ambiente e a robustez de seu Mundé. Talvez fosse esse o segredo de mante-lo sempre calado, ensimesmado. Seu Mundé, depois de fechar seu estabelecimento, “uma simples bitaca”, tomava umas cachaças e rabiscava algumas poucas palavras num caderno velho. Acho que era a forma de ele se comunicar com seus fregueses.
As Fotos