CMPC lança projeto de sustentabilidade após patrocinar regra criticada por ambientalistas

Meio Ambiente | 2 de dezembro de 2024 | 17:52 CMPC lança projeto de sustentabilidade após financiar proposta criticada por ambientalistas Por Luciano Velleda [email protected] Leite, Alckmin e outras autoridades realizaram o ato de desligamento simbólico da caldeira à carvão da unidade em Guaíba. Foto: Mauricio Tonetto/Secom

A inauguração da nova planta industrial da empresa de celulose CMPC, em Guaíba, reuniu nesta segunda-feira (2) o vice-presidente Geraldo Alckmin e o governador Eduardo Leite numa agenda repleta de elogios ao projeto BioCMPC, destacado pelo governo estadual como “a maior ação privada de sustentabilidade da história do Rio Grande do Sul”. De acordo com a empresa, o projeto reúne 31 iniciativas de controle e gestão ambiental, além de mudanças operacionais da indústria de celulose, com investimento estimado em R$ 2,75 bilhões.

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“Celebramos essa ação como mais uma mostra de renovação do compromisso da CMPC não só com a sustentabilidade, mas da confiança da empresa no Rio Grande do Sul. Nós respondemos, como Estado, com os nossos investimentos nas mais diversas áreas, desde a melhoria das estradas, passando pela modernização da legislação sobre plantações de florestas até a dragagem de hidrovias para melhorias logísticas, para que o empreendedorismo seja sempre melhor acolhido no Rio Grande do Sul”, afirmou Leite na solenidade.

A dita “modernização da legislação sobre plantações de florestas”, destacada pelo governador, foi motivo de muitas críticas de entidades ambientalistas e, inclusive, de ação do Ministério Público Estadual (MPE). Em abril de 2023, a consulta pública da proposta do novo Zoneamento da Silvicultura no RS chegou a ser anulada pela Justiça. A proposta tramitou no Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) e foi elaborada pela empresa Codex, sob financiamento da CMPC.

Em sua decisão, o MPE sustentou que a minuta da consulta pública incluía apenas documentos elaborados pela Codex, deixando de fora estudos e pareceres elaborados pelo Grupo de Trabalho composto por outros integrantes. Com isso, a minuta, segundo o MP-RS, refletiu “uma posição unilateral que privilegia o interesse da empresa que patrocinou a proposta da Codex”, ou seja, a própria CMPC. 

Todavia, em setembro de 2023, o Consema aprovou a atualização do Zoneamento Ambiental para a Atividade da Silvicultura (ZAS). Pela decisão, a alteração deverá ser aplicada aos novos plantios ou na renovação dos plantios florestais já existentes. A mudança, comemorada pelo governo estadual na época, é expressiva. As áreas de plantios passaram de 900 mil ou 1 milhão de hectares para 4 milhões de hectares em cada Unidade de Paisagem Natural (UPN) x Bacia Hidrográfica (BH). 

 

Expansão da silvicultura no RS foi aprovada mesmo com pareceres técnicos contrários à mudança das regras. Foto: Fernando Dias

Membro do Consema, o Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá) emitiu, na ocasião, parecer contrário à alteração e afirmou que a aprovação poderá representar “uma irreversível e extraordinária perda adicional ao Pampa e aos Campos Sulinos”. Os campos nativos do Pampa são os que mais perderam remanescentes originais (29,5%) desde 1985 (Mapbiomas, 2022), e o que menos percentual (3%) de Unidades de Conservação têm entre os seis biomas brasileiros, abaixo de Pantanal (4,6%), Cerrado (8,3%), Caatinga (8,8%), Mata Atlântica (9,5%) e Amazônia (28%)”.

O InGá ainda considerou que a proposta de Zoneamento Ambiental da Silvicultura (ZAS) aprovada tinha vício de origem por ter sido elaborada por empresas contratadas pelo próprio setor a ser regulado pelo governo estadual. O ZAS antigo, ao contrário, foi construído a partir do setor técnico da Fepam e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), “com equilíbrio de composição de corpo técnico independente”.

A silvicultura é o cultivo de florestas por meio do manejo agrícola. A atividade, quando realizada de maneira sustentável, utiliza métodos naturais e artificiais para regenerar e melhorar os povoamentos florestais. O principal objetivo da silvicultura é suprir o mercado de madeira e, ao mesmo tempo, aproveitar o uso racional das florestas. No RS, o eucalipto é um dos principais cultivos da silvicultura. 

Presidente do Conselho das Empresas CMPC, Luis Felipe Gazitúa celebrou a inauguração desta segunda-feira (2) .“O BioCMPC foi um projeto ao qual dedicamos muitos esforços e muito carinho. Graças aos nossos incansáveis colaboradores, conseguimos finalizar um projeto que é uma referência em sustentabilidade e consolida a unidade de Guaíba como uma das mais sustentáveis do Brasil”, afirmou. 

A “modernização da legislação”, elogiada hoje pelo governador, ocorreu mesmo com os alertas de perda de biodiversidade feitos pelo Grupo de Trabalho (GT) de técnicos da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). “O resultado da proposta apresentada induz a uma maior ocupação pela silvicultura das áreas onde a conversão de campos, em tese, tenha sido maior, desconsiderando outras questões de fundamental importância, quando se trata de conservação da biodiversidade, entre elas: o limite de resiliência e extinções de espécies locais nas áreas convertidas”, diz trecho do documento elaborado pelo GT de técnicos da Fepam durante a tramitação do novo Zoneamento Ambiental da Silvicultura.

Durante o evento, Leite e Alckmin realizaram o ato de desligamento simbólico da caldeira à carvão da unidade que, segundo a CMPC, representa uma redução de 60% no volume de emissões de gases de efeito estufa da unidade em Guaíba.

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