Almino Affonso o tribuno II
Dorian Gray Caldas – Artista Plástico e Escritor
Diz o sociólogo Pierre Bourdieu, falando-nos sobre este dom, que nos permite viver “atos firmes e generosos.” Pois é o que está sempre acontecendo na vida de Almino Affonso. Quando em exílio, na imprevisibilidade, soube manter seus princípios elevados em coerência política e humana. Diz Michel Maffesoli, sociólogo do cotidiano: “a descrição dos fenômenos sociais não há de ser unicamente um problema, mas sim numa plataforma a partir da qual vai elaborar-se um exercício do pensamento que se responda, da melhor maneira, às audaciosas contradições de um mundo em gestação”. Esse atendimento ao processo evolutivo das relações sócio-político culturais de nossas elites é necessário para que tenhamos assegurada a vigilância possível de melhoramentos de nossas relações interdisciplinares. Já dizia Aldous Huxley: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”.
As evocações contidas neste seu livro “Testemunhos e perfis” são de fatos vividos, sentimentos de toda uma gama de afeições subliminares e gratas ao seu espírito. Rememoráveis homens públicos, situações, reencontros proustianos que a idade e a vivência permitiram fazer de maneira tão fluente, tão justa na medida da importância e da verdade. Assim como os seus deuses tutelares, Almino Affonso deposita em nossas mãos a sagrada palavra de seus antepassados “ungido pela urbe de Alba” e principalmente dotado desta energia que lhe pulsa a alma.
Almino Affonso é a totalidade das suas verdades individuais e a intercessão nas vontades coletivas, sempre observando a pluralidade humana; o papel do escritor, do político, como observa Émíle Durkheim quando descreve a necessidade de observação dos fatos sociais isolando-os das generalidades. “Todo fato social é geral, mas nem todo fato geral é social”.
Almino Affonso continua sendo a soma de suas experiências, mas serve na medida que tem a cor, o gesto e suas emoções nos vastos campos de sua alma onde cabem os clássicos, de Tácito e Virgílio, de Camões a Calíope, de Castro Alves, (principalmente o condoreiro) e Tobias Barreto, intertextualizando-os com as liberações cotidianas neste seu “testemunhos e perfis”.
Citações de poetas e homens públicos que privilegiam Olavo Bilac, Raimundo Monteiro, Emílio de Menezes, Enélio Petrovich, ou Eduardo Freire, verso e reverso, tornando-os nestas figurações um só torso, uma só constatação de que a vida de Almino Affonso alteia-se, sobretudo deste amálgama de experiências para a definitiva virtude de sua interioridade.
Toda a obra deste admirável homem possui a revelação do compromisso com a sua pátria, os seus amigos, os bens conceituais e conteudísticos que ele sempre observou como prioritários. Diz o pensador Almino Affonso: “O país, para manter estabilidade econômica precisa conter a incorporação desses milhares de brasileiros que continuam expostos ao sol e à chuva, além das muralhas da cidade.” A validade deste conceito acentua-se na atual conjuntura de nossas diferenças sociais.
A minha admiração pelo pensador Almino Affonso tem raízes profundas e razões subjetivas. Quem o ouviu recentemente no depoimento prestado à Câmara Federal, sobre os acontecimentos do golpe de 64, percebe a mesma veemência do parlamentar, que relata acontecimentos com integridade e bom senso.
Não é preciso me alongar sobre este fato, basta percorrer o drama do exílio, tendo vivido oito anos no Chile, em longos 12 anos distante de sua pátria, na lugoslávia, Uruguai, Chile, Peru e Argentina, tendo se destacado como “expert” da organização internacional do trabalho (OIT/ONU) e diretor da Escola Latino Americana
de Ciência Política e Administração Pública, registro do esboço biográfico que lhe fez o Presidente desta Casa Enélio Lima Petrovich.
No depoimento à TV Câmara em (11 novembro de 2002) que se insere tão naturalmente numa das páginas lapidares de sua oratória, não raro Almino Affonso de maneira clássica e às vezes onomatopéica registra com humor frases sobre a sua necessidade de voltar ao país quando diz: “Já pensou em ir para o outro lado falando espanhol” ? E diz ainda quando interrogado pelo Dr. Tuma após 4 horas e meia e convidado a outro interrogatório: “Se for intimado eu venho. Convidado não”. Depoimento que contém declarações de Tancredo Neves e seu repúdio que Almino Affonso denomina de “nojo cívico”. Já de volta ao Brasil e tendo perdido a eleição para Senador, Almino Affonso confirma: “Perdi a eleição, mas não perdi a inspiração”. Quando me refiro ao onomatopéico, observo os ruídos do avião, da lancha, em torno do velho cargueiro no qual Almino viajou, e ao seu coração nas emoções imorredouras que viveu.
É com devotado mérito que recorro aos dados contidos em diversas oportunidades que tive de observar nestes últimos anos do meu conhecimento de Almino Affonso, o político, no caso, o posicionamento cultural humanístico que confirma a visão do sociólogo francês Durkheim de que às verdades coletivas sobrepõem-se as verdades individuais.
Reeditando o conceito ético de Aristóteles que justifica a formulação do pensamento de Steinbeck, o grande escritor e humanista de ‘Vinhas da Ira”, e “Ratos e Homens”, sobre a sabedoria orgânica do cardume enfrentando o predador. Esta certeza biológica tão natural e que às vezes não é observada, mas certamente a possui o homem solidário e vário.
Neste depoimento sobre Almino Affonso reavivamos as referências sobre seu pai, as raízes históricas de Bohemundo Álvares Affonso e Dolores Monteiro Álvares Affonso. Almino é neto do Comendador José Francisco Monteiro, fundador de Humaitá, e do Senador Almino Álvares Affonso, este com raízes que se fiam no Rio Grande do Norte, no Ceará e com grandeza também na Amazônia, projetando-se em todas elas como um dos paladinos da abolição dos escravos, “5 anos antes da lei Áurea”, conforme registro de Enélio Lima Petrovich no livro “Testemunhos e Perfis”, hoje entregue ao seu público seleto. Diz ainda Enélio Petrovich, Presidente desta Casa, que Almino Affonso, o neto, na Paulicéia alcançou os mais altos títulos nas lutas da União Estadual dos Estudantes da Amazônia, na convivência do Grêmio Cultural “Eliodoro Balbi”, na presidência do diretório acadêmico da Faculdade de Direito do Amazonas, na tribuna do Centro Estudantil “Plácido Serrano”.
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